sábado, 8 de maio de 2021

Quem são os mortos da maior chacina da história do Rio de Janeiro

 Mortos na chacina do Jacarezinho sobem para 28. Dos 21 investigados e com mandado de prisão, três foram mortos. Pelo menos 13 não eram investigados na operação, mas o número pode ser ainda maior

NOTÍCIAS08/MAI/2021 ÀS 10:35

chacina jacarezinho

(Foto: Joel Luiz Costa/Twitter)

com El País

Considerada um “trabalho de inteligência” pelo governador Cláudio Castro (PSC) e pela Polícia Civil, a operação na favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, não conseguiu chegar na maioria das 21 pessoas investigadas por suspeita de aliciar menores para o tráfico de drogas, motivo que levou à entrada policial no local.

Dessa lista, somente três foram detidas e outras três foram mortas. As outras 15 pessoas não constam entre os mortos já identificados e podem ter fugido. A ação policial terminou com 28 vítimas — três a mais do que o divulgado inicialmente, de acordo com a Polícia Civil— e se tornou a mais letal da história do Rio.

Ao menos 13 dos mortos não tinham qualquer relação com a investigação, mas o número que pode ser ainda maior porque 11 corpos ainda não foram identificados, de acordo com informações da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Entre as vítimas estava o policial civil André Farias.

O massacre ocorrido nesta quinta-feira correu o mundo e chamou a atenção de instâncias internacionais. Nesta sexta, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu uma investigação independente ao Ministério Público sobre a operação. O porta-voz dos Direitos Humanos da ONU, Rubert Colville, afirmou em entrevista coletiva em Genebra que existe um histórico de uso “desproporcional e desnecessário” da força pela polícia e chamou atenção para o fato de que os locais das mortes não foram preservados, dificultando os trabalhos de perícia. Em algumas imagens divulgadas pela imprensa, é possível ver policiais civis carregando corpos.

o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que os fatos “parecem graves” e que “há indícios de atos que, em tese, poderiam configurar execução arbitrária”. A declaração consta nos ofícios enviados para a a Procuradoria Geral de Justiça do Rio de Janeiro (PGJ) e Procuradoria Geral da República (PGR) —que, por sua vez, já solicitou esclarecimentos ao governador Castro e ao Ministério Público do Rio.

A OAB divulgou nesta sexta-feira uma lista com 16 nomes das pessoas mortas. Confira abaixo.

Jonas do Carmo dos Santos — Tinha 32 anos e trabalhava como servente de pedreiro e de pizzaiolo. Tinha dois filhos — um de sete anos e outro de apenas um mês. Segundo a família, estava indo comprar pão a pedido da esposa quando foi morto. Parentes de Jonas afirmam que ele já esteve preso, mas já havia cumprido sua pena.

Francisco Fabio Dias Araújo Chaves — Tinha 25 anos, era casado e deixa um filho. Atualmente trabalhava como entregador de aplicativos de delivery.

Richard Gabriel da Silva Ferreira (alvo de mandado de prisão obtido pela operação policial por suspeita de associação com o tráfico)

Carlos Ivan Avelino da Costa Junior, 32 anos

Cleiton da Silva de Freitas Lima, 27 anos

Jhonatan Araújo da Silva, 18 anos

John Jefferson Mendes Rufino da Silva, 30 anos

Isaac Pinheiro de Oliveira, 22 anos (alvo de mandado de prisão obtido pela operação policial por suspeita de associação com o tráfico)

Márcio Manoel da Silva, 41 anos

Marlon Santana de Araújo, 23 anos

Maurício Ferreira da Silva, 27 anos

Natan Oliveira de Almeida, 21 anos

Rai Barreto de Araujo, 19 anos

Rômulo Oliveira Lucio, 20 anos (alvo de mandado de prisão obtido pela operação policial por suspeita de associação com o tráfico)

Toni da Conceição, 30 anos

Wagner Luis de Magalhães Fagundes, 38 anos

Mesmo com poucos esclarecimentos, o delegado Felipe Curi tratou de considerar os mortos como criminosos durante a coletiva de imprensa da Polícia Civil na quinta-feira. “Não tem nenhum suspeito aqui. A gente tem criminoso, homicida e traficante. O que causa muita dor na gente é a morte do nosso colega”, afirmou.

VEJA TAMBÉM: Delegado nega execuções no Jacarezinho e critica ‘ativismo’

O vice-presidente Hamilton Mourão seguiu pela mesma linha ao se referir às vítimas da chacina: “Tudo bandido”, afirmou na manhã desta sexta-feira, ao chegar no Palácio do Planalto, também sem ter qualquer prova disso.

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