Generais veem "desfaçatez" em ida do ex-ministro da Saúde a evento sem máscara após participação na CPI, enquanto o presidente busca livrá-lo de qualquer punição, piorando a já conturbada relação com o Exército
O presidente Jair Bolsonaro disse ao comandante do Exército , general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que não quer que o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello , seja punido por participar, sem máscara, de um ato em favor do presidente no Rio de Janeiro no domingo passado (23) , poucos dias após defender o uso de máscara contra a Covid-19 na CPI .
Segundo o jornal Folha de S.Paulo , Bolsonaro deu sinal de que busca livrar Pazuello de qualquer punição durante viagem que fez a São Gabriel da Cachoeira (AM) com Paulo Sérgio, comandante do Exército, onde o presidente foi inaugurar uma ponte de menos de 20 metros em visita de dois dias a partir de quinta (27).
Na viagem ao Amazonas em que Bolsonaro defendeu que Pazuello não seja punido estavam presentes, além do comandante do Exército, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e o chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Os dois são generais de quatro estrelas, também superiores a Pazuello na hierarquia militar , e não teriam gostado do pedido feito pelo presidente para livrar seu ex-ministro.
Entre os generais, a "desfaçatez" de Pazuello em ser flagrado sem máscara em diversas oportunidades, mas defender "medidas preventivas" na CPI da Covid no Senado e depois ir ao ato bolsonarista sem máscara não foi bem vista. O ex-ministro da Saúde deve, inclusive, ter de voltar à CPI em breve para dar explicações. Em seu último depoimento, Pazuello foi acusado de mentir dezenas de vezes, o que configura crime .
Não contente em contradizer seu discurso na CPI após poucos dias, Pazuello subiu ao palanque para dar apoio ao presidente em um evento de motociclistas no Rio. O ex-chefe da Saúde foi demitido em março após gestão considerada desastrosa e então foi incorporado a um cargo burocrático na Secretaria-Geral do Exército.
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