Solana Guimarães, de 39 anos, fez nove fertilizações in vitro, engravidou seis vezes, mas nenhuma evoluiu. 'Eu escutava o coraçãozinho e passava uma semana eu tinha aborto espontâneo. Aconteceu várias vezes', contou. Dante está previsto para nascer no dia 20 de fevereiro.
Por Maria Lúcia Gontijo, G1 Minas — Belo Horizonte
Mulher gera sobrinho para irmã que não pode ter filhos, em Betim. — Foto: Núbia Costa
“Me sinto realizada. Eu fiz pela minha irmã, foram muitas perdas que ela teve, sofremos bastante. Estou podendo contribuir com a felicidade dela", contou a engenheira de telecomunicações, Anaterra Guimarães, de 38 anos, que se ofereceu para gerar um bebê para a irmã que não pode ter filhos. A família mora no Centro de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Anaterra é a irmã caçula de Solana Guimarães, de 39 anos, que há dez anos tentava engravidar. Depois de tanta dor e frustração, a irmã se ofereceu para gerar o sobrinho.
Dante está previsto para chegar no dia 20 de fevereiro.
Mulher gera sobrinho para irmã que não pode ter filhos, em Betim. — Foto: Núbia Costa
"Todos os tratamentos possíveis eu fiz"
Mulher gera sobrinho para irmã que não pode ter filhos, em Betim. — Foto: Núbia Costa
Solana e o marido começaram o tratamento para engravidar em 2012, um ano depois de se casarem. O casal passou por clínicas de fertilização em Belo Horizonte e em São Paulo, mas sem sucesso. Depois de várias tentativas, uma alteração no útero de Solana foi descoberta pelos médicos.
"Meu problema não tem diagnóstico, é uma incompatibilidade no meu útero. Também fizemos muitos exames para ver se os embriões eram saudáveis e todos eles tiveram problema", contou Solana.
Como o caso da servidora pública não tinha diagnóstico definido, ela contou que tomou medicamentos e fez tratamentos paliativos. "Todos os tratamentos possíveis eu fiz. Fiz novena também", contou.
Ao todo, ela fez nove fertilizações in vitro (FIV) e teve seis abortos espontâneos.
“Eu escutava o coraçãozinho. Mas passava uma semana, eu tinha aborto espontâneo. Aconteceu várias vezes”, disse Solana.
Nesta época, a irmã já se oferecia para ser barriga solidária, mas Solana e o marido não concordavam.
"Gravidez mexe muito com a vida da mulher, corpo, rotina. Minha irmã já tinha uma filha e não nos sentíamos à vontade de aceitar que ela gerasse nosso filho. Para não dar trabalho pra ela mesmo", contou.
Mas em julho de 2020, o casal concordou com o procedimento.
"Eu relutei muito em aceitar que Anaterra fosse minha barriga solidária porque não achava justo que ela se sacrificasse a esse ponto por mim. Hoje, nessa reta final da gravidez, agradeço a Deus todos os dias por ter permitido que vivêssemos essa linda história de amor! Jamais vou conseguir agradecer o suficiente o que ela e sua família fizeram por mim", contou a mãe de Dante.
Solana e a família estão ansiosos pela chegada do garotinho. Ela fez um tratamento para amamentar o filho e já está produzindo leite.
Família esperando o nascimento de Dante, bebê que está sendo gerado na barriga da tia, em Betim. — Foto: Núbia Costa
Barriga solidária no Brasil
De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de número 2.168/2017, a paciente que será barriga solidária deve pertencer à família de um dos parceiros, em parentesco consanguíneo até o quarto grau (mãe, filha, avó, irmã, tia, sobrinha ou prima).
Segundo o CFM, o procedimento é ético desde que não haja transação comercial ou lucrativa.
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