Outros 25% acham administração regular
E 48% dizem que corrupção vai aumentar
Números confirmam pesquisa PoderData
GABRIELA OLIVA e RAFAEL BARBOSA
08.fev.2021 (segunda-feira) - 17h55
Levantamento realizado pela XP/Ipespe e divulgado nesta 2ª feira (8.fev.2021) mostra que a rejeição ao presidente Jair Bolsonaro teve variação positiva de 2 pontos percentuais (dentro da margem de erro) em 1 mês e chegou a 42%. É a pior taxa desde julho de 2020.
A pesquisa foi realizada de 2 a 4 de fevereiro com 1.000 pessoas em todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos. Eis a íntegra (5 MB).
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O levantamento também mostra que, no mesmo período, oscilou de 32% para 30% a proporção dos que veem o governo como bom ou ótimo. A variação também está dentro da margem de erro do estudo.
As avaliações regulares correspondem a 25%, e 3% não souberam ou não responderam.
Segundo a XP/Ipespe, a alta na reprovação é impulsionada pelos grupos mais pobres (entre os que ganham até dois salários mínimos ela saltou de 39% para 45%) e pelas regiões Norte e Centro-Oeste (32% para 40%) e Nordeste (43% para 48%).
PODERDATA
As taxas de aprovação (30%) e rejeição (42%) reveladas pelo Ipespe confirmam os dados apresentados, em janeiro e, agora, em fevereiro, pelo PoderData.
A divisão de estudos estatísticos do Poder360 também perguntou o que os entrevistados acham do trabalho de Bolsonaro como presidente: ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo.
O levantamento do início de fevereiro (do dias 1º a 3) mostrou que 41% da população considera o chefe do Executivo “ruim” ou “péssimo”. Já no estudo do Ipespe, 42% fizeram essa afirmação.
Caso fossem comparáveis (leia os critérios no fim desta reportagem), as taxas estariam cruzadas, dentro da margem de erro dos estudos.
PERCEPÇÃO SOBRE CORRUPÇÃO
O estudo da XP/Ipespe também consultou os entrevistados sobre a expectativa para a corrupção durante o mandato de Bolsonaro. Para 48%, os casos terão aumentado ou aumentado muito nos próximos 6 meses. É a maior taxa da série histórica, iniciada em novembro de 2018.
Já 32% avaliaram que os casos permanecerão estáveis. Outros 16% acham que a corrupção diminuirá consideravelmente.
CENÁRIO EM 2022
Jair Bolsonaro segue liderando isoladamente o cenário para as eleições presidenciais de 2022, com 28% das intenções de voto, assim como o levantamento de janeiro.
O atual presidente é seguido por Sérgio Moro (12%), Fernando Haddad (12%) e Ciro Gomes (11%). Depois aparecem Luciano Huck (7%), Guilherme Boulos (6%), João Doria (4%), João Amoêdo (3%) e Luiz Henrique Mandetta (3%).
Em cenários de 2º turno, Bolsonaro aparece numericamente à frente de todos os candidatos, menos do seu ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro. No entanto, a situação enquadra-se em empate técnico, considerando a margem de erro.
Cenário 1
- Sergio Moro (sem partido): 36%;
- Jair Bolsonaro (sem partido): 32%;
- não sabe/não respondeu/branco/nulo: 32%.
Cenário 2
- Jair Bolsonaro (sem partido): 41%;
- Lula/Haddad (PT): 36%;
- não sabe/não respondeu/branco/nulo: 23%.
Cenário 3
- Sergio Moro (sem partido): 43%;
- Lula/Haddad (PT): 29%;
- não sabe/não respondeu/branco/nulo: 28%.
Cenário 4
- Jair Bolsonaro (sem partido): 37%;
- Luciano Huck (sem partido): 33%;
- não sabe/não respondeu/branco/nulo: 30%.
Cenário 5
- Jair Bolsonaro (sem partido): 39%;
- Ciro Gomes (PDT): 37%;
- não sabe/não respondeu/branco/nulo: 23%.
Cenário 6
- Jair Bolsonaro (sem partido): 42%;
- Guilherme Boulos (Psol): 31%;
- não sabe/não respondeu/branco/nulo: 27%.
RISCO COM A COVID-19
O levantamento também mostrou que 53% avaliam como “ruim” ou “péssima” a atuação de Bolsonaro no combate ao coronavírus. Os números crescem desde outubro, quando foi registrado 47% de insatisfeitos com a gestão do presidente.
Em meio ao repique de casos pelo novo coronavírus e incertezas sobre a imunização, aumentou de 36% para 44% os que dizem que o pior já passou. Já 47% ainda acham que o pior está por vir. No levantamento anterior eram 56%. Sobre a imunização, passou de 69% para 77% os que dizem que com certeza irão se vacinar.
PESQUISAS COMPARADAS
Pesquisas não podem ser comparadas quando o enunciado é diferente. Também faz diferença a posição das perguntas no questionário. A data em que os dados foram coletados e a abordagem usada (pessoal em residências, nas ruas, por telefone com operadores de telemarketing ou por meio automatizado). Ainda assim o conjunto de resultados de vários estudos aponta tendências e permite avaliar como a conjuntura está mudando.
Foi o que se passou com os dados da pesquisa Ipespe (2-4.fev.2021) que apontou tendência de alta na rejeição de Jair Bolsonaro, corroborando os últimos estudos do PoderData.
Os levantamentos estatísticos permitem uma compreensão melhor da realidade quando são realizados com periodicidade fixa e com frequência maior, pois é possível analisar a curva dos indicadores.
O PoderData é a única empresa de pesquisas no Brasil que vai a campo a cada 15 dias desde o início de abril. Tem coletado um minucioso acervo de dados sobre como o brasileiro está reagindo à pandemia de coronavírus. Os levantamentos fazem também duas perguntas para perscrutar o sentimento dos eleitores a respeito da administração federal. Eis as perguntas usadas:
1) trabalho do presidente: “De maneira geral, como você avalia o trabalho do presidente Jair Bolsonaro?” (opções de respostas: ótimo ou bom; regular; ruim ou péssimo; não sabe).
2) avaliação do governo: “Você aprova ou desaprova o governo do presidente Jair Bolsonaro?” (opções de respostas: aprova; desaprova; não sabe).
A pergunta sobre avaliação de governo com 5 opções (ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo) é uma idiossincrasia brasileira. No país onde mais se faz pesquisa com a população, os Estados Unidos, há décadas só se usa a pergunta mais direta e que dá só duas opções de resposta (aprova ou desaprova).
Uma parcela dos que preferem responder “regular” (quando há essa opção) pode aprovar ou desaprovar o governante ou o governo, mas tudo fica numa área cinzenta.
Como aplica duas perguntas, o PoderData sempre faz o cruzamento das respostas dos 2 questionamentos.
Na pesquisa realizada de 1º a 3 de fevereiro de 2020, por exemplo, Bolsonaro teve 33% de “ótimo ou bom”. E 22% classificaram o trabalho do presidente como “regular”.
Ao cruzar esses 22% de regular para o trabalho do presidente com aprovação ou desaprovação do governo, encontram-se 40% desse grupo dizendo que aprova o governo federal.
PESQUISAS MAIS FREQUENTES
Num ambiente em que a política vive em tempo real por causa da força da internet e das redes sociais, a conjuntura muda com muita velocidade. No passado, na era analógica, já era recomendado fazer pesquisas com frequência para analisar a aprovação ou desaprovação de algum governo. Agora, no século 21, passou a ser vital a repetição regular de estudos de opinião.
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