Após enterrar o irmão nesta terça-feira, Valdemiro Santiago disse que irá tomar a vacina contra a Covid, embora não confie no imunizante: 'Só confio em Deus'
Valdemiro Santiago e o irmão
Bispo da Igreja Mundial do Poder de Deus, Vanderley Santiago morreu com complicações da Covid-19 nesta segunda-feira (28). O religioso tinha 53 anos e era irmão do apóstolo Valdemiro Santiago, que é líder da igreja e chegou a vender sementes de feijão como um suposto tratamento para a doença.
Segundo informações da Prefeitura de São Carlos (SP), obtidas pelo G1, Vanderley sofreu uma parada cardiorrespiratória durante o atendimento na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do município.
O órgão confirmou que o religioso testou positivo para a doença e que havia recebido a primeira dose da vacina contra a Covid-19 dois dias antes de ser diagnosticado com a doença.
Após o enterro do irmão nesta terça-feira (29), Waldemiro disse que irá tomar a vacina a contra a doença assim que tiver oportunidade. “Vou me vacinar com certeza. Não que eu confie na vacina, só confio em Deus. Até porque eu devo obediência também, não é?”.
O apóstolo também disse não ter medo da morte. “Fui chamado há 41 anos para preparar pessoas para a morte, ou seja, é a única certeza que você tem até conhecer a verdade, a palavra. Todo mundo que nasce, se entende por gente, sabe que vai morrer, não é verdade?”, afirmou.
‘Feijão mágico’
O apóstolo Valdemiro Santiago vendia sementes que ele afirmava curar a Covid por valores entre R$ 100 a R$ 1 mil. O Ministério Público Federal (MPF) investiga indícios de estelionato por parte do pastor nos vídeos disponibilizados incentivando fiéis a plantar as sementes por ele comercializadas. Na ação, o MPF afirma que os feijões não curam e são propaganda “enganosa”.
Em maio do ano passado, a Igreja Mundial do Poder de Deus alegou que não se referia a venda de uma “promessa de cura”, mas sim o início de um propósito com Deus”.
Após vender 'feijões milagrosos', pastor Valdemiro perde irmão para a Covid-19
Voto impresso auditável: quais sãos os argumentos a favor e
contra
Rodolfo Costa
Brasília
05/07/2021 10:57
Sistema de voto impresso testado no Brasil em 2002: TSE concluiu pela inviabilidade do sistema. Urnas atuais são mais modernas e mitigam falhas de impressão registradas na época| Foto: Divulgação/TRE-PI
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A comissão especial da Câmara que discute Proposta de Emenda
à Constituição (PEC) 135/19, que institui o voto impresso auditável nas
eleições, pode votar nesta segunda-feira (5) o relatório apresentado na semana
passada pelo deputado Filipe Barros (PSL-PR).
O tema divide opiniões dentro e fora do Congresso. Os
maiores defensores da proposta são o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados
mais próximos, como o próprio Filipe Barros. Do outro lado, o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) é quem apresenta os principais argumentos contra a volta do
voto impresso – que acabam por ser utilizados por parlamentares contrários à
proposta.
A Gazeta do Povo elencou os principais pontos a favor e
contra a volta do voto impresso com objetivo de auditar a apuração das
eleições. Confira:
VEJA TAMBÉM:
O que está por trás da pressão dos partidos para derrubar a
PEC do voto impresso
Argumentos contra o voto impresso
Custo do voto impresso
O que diz o TSE: a Corte alega que a implementação de urnas
do voto impresso traria um custo aproximado de R$ 2 bilhões aos cofres
públicos. Além disso, afirma que a impressão do voto e a necessidade de ele ser
depositado em urnas físicas aumentaria o tempo médio de votação – o que
obrigaria a Justiça Eleitoral a ampliar os gastos públicos para custear mais
urnas, mesários, transporte, alimentação e suprimentos. Também seria necessário
manter uma estrutura física para guardar os votos impressos.
O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, comentou
em reunião com deputados no último dia 21 que a impressora usada nas urnas de
voto impresso auditável precisariam ser customizadas, sugerindo que demandaria
gastos maiores por não serem impressoras disponíveis "numa
prateleira". Ou seja, não haveria hoje um equipamento desses disponível no
mercado. "Tem que ter uma comunicação criptografada da urna com a
impressora", afirmou.
O que diz o relator da PEC: o relatório do deputado Filipe
Barros dá ao TSE até 2024 para implementar 100% das urnas de voto impresso com
a abertura total dos softwares e dos códigos-fonte. E informa que, para 2021,
há autorização para a Justiça Eleitoral gastar R$ 1,19 bilhão destinada a
questões eleitorais, sendo R$ 1,04 bilhão para investimentos. Barros destaca,
ainda, que "despesas não recorrentes da Justiça Eleitoral com a realização
de eleições" estão excluídas do teto de gastos.
Quanto ao gasto com impressoras modernas para essas urnas
mais atuais, o professor Mário Gazziro, do departamento de Engenharia da
Informação da Universidade Federal do ABC (UFABC), rebate a alegação de Barroso
e diz que é, sim, possível usar uma impressora de "prateleira", que
não custaria mais do que R$ 100 a unidade.
"Basta pedir para o fabricante colocar o módulo da
impressora dentro da caixa da urna, acoplada. Assim, a comunicação com a urna
não precisa ser cifrada e ainda vai ficar mais barato porque não vai ter que
fazer uma caixa para o módulo da impressora e o voto sairia por uma fenda de
impressão", explica Gazziro.
Dificuldades administrativas e operacionais
O que diz o TSE: a Corte alega dificuldades e gastos com a
logística de transporte, armazenamento e segurança das cédulas; montagem de
ambientes das sessões eleitorais para a votação e apuração; treinamento de
mesários; e campanhas de mídia para eleitores com baixa escolaridade.
O secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Júlio
Valente, questionou no último dia 21 o período e a que condições seriam
necessários para garantir a segurança das urnas. "Por quantos meses e que
tipo de armazenamento necessitamos?", comentou, ao apontar a preocupação
em relação a custos com climatização e segurança.
O que diz o relator: o parecer propõe a contagem presencial
dos registros impressos dos votos pelos próprios mesários. Seria uma forma para
mitigar dificuldades operacionais com o transporte dos votos impressos para a
contagem nos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
Além disso, prevê que o transporte e a custódia das
impressões ficarão a cargo das forças de segurança pública ou das Forças
Armadas. Prevê, ainda, o prazo de até 31 de janeiro do ano seguinte para que os
votos impressos sejam preservados.
O professor Paulo Matias, do departamento de Computação da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) rebate as alegações do TSE
quanto à segurança e acondicionamento das urnas de voto impresso. "Não é
necessário armazenar os papéis por muito tempo. Pode-se recontar uma amostra
estatisticamente relevante dos votos logo após o término das eleições para
conferir a integridade dos registros até um nível de certeza suficiente para
comprovar o resultado", diz.
Perigo de quebra de sigilo do voto
O que diz o TSE: desde o insucesso no teste do voto impresso
nas eleições de 2002, a Corte apresenta como argumento que, em caso de pane da
máquina para a impressão do voto, seria a obrigada a intervenção humana para a
solução do problema. Essa intervenção faria com que a pessoa que fizesse isso
tivesse acesso ao conteúdo dos votos.
Além disso, o TSE alega que o sistema de voto impresso abre
brecha para a compra de votos e de sua comprovação. "Quem comprou o voto
pode ir lá conferir se recebeu o voto da composição inteira e pode combinar com
o eleitor de quem ele comprou voto o seguinte: 'Você vota em mim que sou
deputado e anula o de deputado estadual'. Vou pedir recontagem e vou conferir
se você votou em mim mesmo e fez isso que estou mandando'", explicou
Barroso, em entrevista à CNN Brasil.
O que diz o relator: o parecer da PEC do Voto Impresso prevê
que as impressões de voto deverão ser depositadas "separadamente para cada
cargo" (o que, por outro lado, poderia atrasar ainda mais a votação e
contagem). Mas o relatório ainda deixa em aberto a possibilidade de se instituir
"outra forma [de evitar a comprovação da compra do voto], desde que
garanta o sigilo do voto". Além disso, o texto tenta estabelecer limites a
pedidos de recontagem de votos para evitar, inclusive, o risco de
judicialização.
Quanto à possibilidade de falha de impressão, o relator da
PEC argumenta que a tecnologia mais atual usa impressoras térmicas que
minimizam as possibilidades de falhas. O relatório cita que, em um artigo
escrito por três técnicos do TSE, os autores reconheceram que a experiência
malsucedida em 2002 foi consequência de "projeto mal elaborado que
confundia os eleitores".
Filipe Barros cita, inclusive, um trecho de uma defesa do
ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado alega
que "uma boa tecnologia de impressão pode minimizar as falhas" e
entende que "o argumento não é suficiente" para suspender a aplicação
do voto impresso.
Risco de fraude
O que diz o TSE: a fraude que acadêmicos vêm apelidando de
"voto da impressora fantasma" é o que mais preocupa o TSE – a
possibilidade de que a urna imprima mais registros de voto impresso do que o
número de eleitores daquela sessão eleitoral.
"Se considero a urna suspeita e, por isso, imprimo os
votos para colocar em urna plástica, e se ela é suspeita, quem me garante que
ela não imprime um voto indevido em algum momento de desatenção do
mesário?", explicou o secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Júlio
Valente.
Outro argumento apresentado pelo TSE é que as urnas podem
ser atacadas fisicamente "com um estilete". Dessa forma, no
entendimento da Justiça Eleitoral, qualquer mesário poderia colocar em
suspeição o processo eleitoral.
O que diz o relatório: o relatório prevê constitucionalmente
o voto impresso, mas infraconstitucionalmente – por meio de uma regra prevista
na Constituição que pode ser alterada futuramente por um projeto de lei
complementar – que os votos terão de ser depositados automaticamente em urnas
invioláveis.
Especialistas reconhecem, contudo, que essa tecnologia não
impediria que, se o software for invadido por hackers – o mesmo discurso
utilizado para contestar as urnas eletrônicas –, registros impressos do voto
possam ser depositados automaticamente. Contudo, existem formas tecnológicas de
combater isso, como um aviso sonoro elétrico a cada voto depositado na urna
física.
Quanto ao argumento de que as urnas podem ser violadas "com
um estilete", o professor Paulo Matias, do departamento de Computação da
UFSCar, pondera que as urnas de voto impresso auditável precisam apenas do
mesmo nível de segurança física das atuais urnas eletrônicas. "Lembrando
que ambos os tipos de urna podem ser roubados ou destruídos por
vandalismo", diz ele.
Risco de judicialização
O que diz o TSE: a Corte alega que o sequestro, roubo ou
violação de uma urna, bem como problemas no transporte dessas máquinas, podem
suscitar a suspeição e fazer com que isso promova a judicialização do processo
eleitoral.
O que diz o relatório: o parecer de Filipe Barros propõe que partidos políticos poderão requerer a recontagem de votos de uma respectiva seção eleitoral no prazo de até cinco dias a partir da data da eleição apenas "havendo fundados indícios de irregularidade na apuração".
Quais são os argumentos a favor do voto impresso
Auditabilidade
O que diz o relatório: o voto poderá ser auditável pelo
próprio eleitor à medida em que a urna imprimirá o voto, que será checado antes
da confirmação.
Segundo o relatório da PEC, a apuração dos registros
impressos de voto utilizará "processos automatizados com programas de
computador independentes dos programas carregados nos equipamentos de votação
eletrônica" com uma tecnologia que permitirá a "conferência visual do
conteúdo" antes de sua contabilização.
A impressão do voto é defendida por especialistas no parecer
como a única forma auditável para pessoas comuns, sem conhecimento em
informática e a única maneira de detectar eventual fraude digital no caso de
apagamento completo dos rastros digitais.
O que diz o TSE: a Justiça Eleitoral alega que as urnas
eletrônicas já são auditáveis. Uma apresentação feita a parlamentares em junho
mostra que a auditagem começa seis meses antes das eleições, no chamado teste
público de segurança (TPS), onde a comunidade acadêmica é convidada a testar a
segurança, e é concluída com os boletins de urna gerados em cada sessão
eleitoral.
Segurança
O que diz o relatório: o parecer do deputado Filipe Barros
aponta que, no teste público de segurança (TPS) de 2017, duas equipes tiveram
sucesso em seus ataques planejados contra duas urnas eletrônicas. Segundo
Barros, equipe da Polícia Federal teve sucesso em obter a chave geral de
criptografia dos boletins de urna lendo o conteúdo do "flash card"
dos computadores, "desmentindo que não poderiam ser lidos em computadores
não autorizados".
"Todo software está sujeito a vulnerabilidades, e isso
não deveria ser uma surpresa", diz o professor Paulo Matias, da UFSCar.
"Minha equipe invadiu as urnas em testes públicos de segurança promovidos
pelo TSE em 2017. Fizemos execução arbitrária de código, que é literalmente o
termo técnico que utilizamos para descrever a invasão a um sistema
computacional."
O que diz o TSE: a Justiça Eleitoral sustenta que, entre o
TPS e a geração dos boletins de urna, há uma série de etapas adicionais que
garantem a segurança do processo eleitoral. A Corte afirma que garante a
abertura dos programas e do código-fonte nos testes e que a urna eletrônica
dispõe de assinatura digital, além de ter seus sistemas lacrados.
Os equipamentos ainda passam pelo que a Corte chama de
"geração de mídias e inseminação das urnas" antes de chegar à chamada
"zerésima" – o comprovante que a urna eletrônica imprime, sob comando
dos mesários, no dia da votação, para mostrar que não há votos no equipamento
para nenhum dos candidatos.
De acordo com o TSE, urnas também passam por testes que
garantem sua integridade. A penúltima etapa é o registro digital do voto (RDV),
o voto em si . Cada registro é criptografado e armazenado em ordem aleatória na
urna eletrônica. Com o fim das apurações, são gerados, por fim, o boletim de
urna, que dispõe de um código QR.
Confiança do eleitor
O que diz o relatório: além da possibilidade de o eleitor
poder checar e, consequentemente, auditar seu próprio voto, o parecer traz a
possibilidade de a apuração ser fiscalizada pelo próprio eleitor. O texto deixa
"facultada a presença de eleitores"; e TSE teria de regulamentar como
isso seria feito.
O professor Mário Gazziro, da UFABC, elogia a proposta.
"Essa prática aumenta a confiança no eleitor, que poderia vir a participar
do processo de escrutinação, que é público por lei, mas que, hoje, é feito em
computadores dentro de uma sala cofre."
O que diz o TSE: a ideia de que os próprios eleitores possam
ser os fiscais do processo eleitoral em apuração feita na própria sessão é
criticada pelo presidente do TSE, Luís Roberto Barroso. Segundo ele, "não
é possível a contagem no próprio local".
"Estamos falando de 150 milhões de votos, de escolas,
ambientes que são adaptados só para o momento da eleição. Não tem como a
contagem ser in loco. E, com todo o respeito, a ideia de contagem pública de
150 milhões de votos é uma volta no túnel do tempo, contagem manual. É
impossível isso, simplesmente isso não é uma possibilidade real", criticou
em audiência pública no último dia 21.
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