Presidentes e ministros mineiros se destacaram no cenário político brasileiro nos últimos 120 anos e deixaram importantes legados
Seja como presidentes ou no papel de ministros, políticos de Minas se destacaram na história brasileira nos últimos 120 anos. Desde a República do Café com Leite, marcada pela alternância no poder entre paulistas e mineiros, que vigorou até 1930, até o processo de redemocratização, nos anos 1980, o estado contribuiu com personagens decisivos nos destinos do país. Afonso Penna, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e Itamar Franco são exemplos do poderio político de Minas ao longo das décadas. Nessa lista entram também ministros que tiveram papéis importantes em áreas como cultura, educação, direito ou infraestrutura. Mineiros como Milton Campos, que na pasta da Justiça ajudou a elaborar leis essenciais para o regime democrático e participou de reformas políticas e da formulação de boa parte da legislação eleitoral brasileira.
Tancredo Neves
Nascido em São João del Rei, teve participação decisiva em momentos delicados da nossa história. Foi ministro da Justiça de Getúlio Vargas entre 1953 e 1954 e primeiro ministro entre 1961 e 1962, mas sua marca maior se fez na luta pela redemocratização do país. Em 1985 Tancredo foi eleito indiretamente presidente da República. Não chegou a tomar posse, pois morreu em razão de uma diverticulite. O PDS, partido do governo, passava por uma crise ao tentar emplacar Paulo Maluf como candidato a presidente. Mesmo com o esforço de Figueiredo, Maluf não conseguiu se afirmar e Tancredo surgiu como alternativa para dar estabilidade à transição da ditadura para a democracia. Teve grande participação na mobilização dos jovens pela campanha das Diretas Já, pelo voto direto para presidente, mas com a derrota da emenda Dante de Oliveira em 1984 acabou escolhido para representar partidos na Aliança Democrática.
Ex-ministros
Afonso Arinos
Belo-horizontino e um dos maiores juristas brasileiros, participou ativamente da campanha da Aliança Liberal e das articulações de um movimento armado que resultou na formação do governo provisório de Getúlio Vargas, do qual se tornou ministro de Relações Exteriores. Foi um dos articuladores do manifesto dos mineiros em 1943, primeiro protesto de oposição à ditadura de Vargas. Foi ainda um dos redatores do manifesto inaugural da UDN e constituinte na Assembleia Nacional em 1987. Trabalhou em defesa do voto a partir dos 16 anos, que acabou aprovado em março de 1988. Foi um dos fundadores do PSDB.
Milton Campos
Nascido em Ponte Nova, foi ministro da Justiça do governo do general Castelo Branco em 1964, quando trabalhou na elaboração de uma legislação para recuperar o regime democrático. Participou também da reformulação do Código Penal. Trabalhou em outras reformas, como a lei do inquilinato, de remessas e lucros e de ação popular. As principais reformas políticas elaboradas por ele foram o Código Eleitoral e a lei dos partidos políticos. Posteriormente, elaborou a Lei das Inelegibilidades. Participou do Manifesto de Minas Gerais em oposição ao Estado Novo. Na Constituinte de 1946, teve posição destacada na discussão dos direitos e garantias individuais. Foi governador de Minas e um dos fundadores da seccional mineira da OAB.
José Maria Alkmin
Advogado nascido em Bocaiuva, participou da elaboração das constituições de 1934 e 1946, idealizou a reforma do sistema carcerário estadual e, como deputado federal na década de 1940, lutou pela inclusão do Norte de Minas no Polígono da Seca. Em 1951, assumiu a Secretaria de Estado de Finanças, no governo JK, quando executou reforma fiscal que se tornou uma das bases do programa de energia e transportes. Cinco anos depois, foi nomeado Ministro da Fazenda, também por JK, quando adotou uma política que procurou assegurar o crédito necessário à expansão dos investimentos públicos e atenuar as consequências da inflação. Em 11 de abril de 1964, elegeu-se vice-presidente da República. Seu último cargo político foi deputado federal, entre 1973 e 1974.
Gustavo Capanema
Um dos principais nomes do governo de Getúlio Vargas, o mineiro de Pitangui foi de extrema importância nas áreas de educação e cultura, em que deixou a marca de Minas. Primeiro ministro da Educação, teve gestão voltada para a reforma dos ensinos secundário e universitário. Foi de influência decisiva nos rumos da política mineira no pós-Revolução de 1930. Na área cultural, criou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e o Instituto Nacional do Livro, responsáveis pelo tombamento e preservação de monumentos históricos e pela criação de bibliotecas públicas no interior do país.
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