Episódios de crimes de ódio contra asiáticos nos EUA cresce vertiginosamente. Mesmo ferida, idosa de 76 anos reagiu e foi vista lutando com o agressor: "Ela disse que não devemos nos submeter ao racismo e devemos lutar até a morte"
Uma chinesa de 76 anos foi agredida por um homem branco desconhecido de 39 anos na última quarta-feira (17/3) enquanto esperava para atravessar uma rua em São Francisco, nos Estados Unidos. O caso se soma a outros episódios de crimes de ódio contra asiáticos e seus descendentes nos EUA.
“Ela disse que não devemos nos submeter ao racismo e devemos lutar até a morte, se necessário”, destacou o neto da idosa, John Chen. “Estou surpreso com sua bravura. Foi ela quem se defendeu deste ataque não provocado”, acrescentou. As informações são da CBS News.
Embora tenha ficado ferida, Xiao Zhen Xie reagiu ao soco que levou de Steven Jenkins na Market Street. A idosa pegou uma vara e foi vista batendo no agressor e gritando: “Seu sem vergonha!”, informou a emissora “KPIX 5”.
O homem acabou sendo levado para o hospital algemado na maca. A cena rapidamente repercutiu na internet. Desde então, Xie, que já venceu um câncer, vem sendo chamada de heroína.
Segundo John, a idosa sofreu sangramentos nos olhos, que ficaram roxos, além de ter ficado com um inchaço no pulso. Ele disse ainda que a própria saúde mental da avó foi impactada, considerando seu medo de sair de casa nos primeiros dias após o ataque, em que apresentou sintomas de estresse pós-traumático. Com acesso a atendimento médico, o neto informou nesta terça-feira (23) que o estado de saúde da avó apresentou melhoras significativas.
Para ajudar a avó a pagar as despesas médicas, o neto John Chen criou uma vaquinha online no GoFundMe, estabaelecendo uma meta de US$ 50 mil (R$ 276 mil). Sensibilizados com a história, internautas doaram muito mais, gerando um valor de US$ 894.409 (cerca de R$ 4,9 milhões).
Xie, por sua vez, optou por oferecer toda a quantia para a comunidade asiática em sua região, conforme afirmou John numa atualização feita no site da campanha nesta terça-feira (23). De acordo com o neto, a idosa, que vive em São Francisco há 26 anos, manifestou várias vezes seu desejo de destinar a vaquinha para as outras pessoas de mesma origem que também sofrem racismo.
“Ela insiste em tomar essa decisão dizendo que esse problema é maior do que ela. Esta é a decisão da minha avó, do meu avô e da nossa família. Esperamos que todos possam entender nossa decisão”, contou o neto.
o agressor, Stephen Jenkins, foi preso na quinta-feira (18/3). De acordo com a polícia, ele foi identificado como autor de outro ataque a um idoso asiático antes de Xie.
“Os investigadores estão trabalhando para determinar se o preconceito racial foi um fator motivador no incidente”, disse Robert Rueca, porta-voz do Departamento de Polícia de São Francisco, em um comunicado ao “The Washington Post”.
Crimes de ódio contra asiáticos cresceram significativamente nos Estados Unidos desde março de 2020. O período coincide com os ataques de Donald Trump à China. O ex-presidente apelidou a Covid-19 de ‘vírus chinês’.
VITÓRIAS
Juíza condena Bolsonaro a indenizar
jornalista Patrícia Campos Mello por ofensa
machista...
Juíza considerou presidente culpado por ofensas de cunho
sexual contra profissional da Folha de S. Paulo, após reportagem que apontava
esquema fraudulento de disparo em massa d fake news
Por Redação RBA
Publicado 27/03/2021 - 16h38
Bolsonaro_PatriciaCMello
'Ela queria um furo. Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim', disse o Bolsonaro, disseminando fake news contra a repórter Patrícia Campos Mello, que o processou pela ofensa machista
São Paulo – A juíza Inah de Lemos e Silva Machado, da 19ª Vara do Foro Central Cível de São Paulo, condenou o presidente Jair Bolsonaro a indenizar a jornalista Patrícia Campos Mello, repórter do jornal Folha de S.Paulo, por ofensas com declarações machistas e sexistas. Pela decisão em primeira instância, contra a qual cabe recurso, Bolsonaro terá de desembolsar 20 mil reais, além de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios no valor de 10% da condenação.
No final de 2018, Patrícia publicou reportagem sobre um esquema irregular de disparo de mensagens por WhatsApp nas eleições daquele ano que teria beneficiado o então candidato à Presidência pelo PSL.
Em fevereiro de
2020, durante coletiva de imprensa, Bolsonaro atacou diretamente a jornalista.
“Ela queria um furo. Ela queria ‘dar o furo’ a qualquer preço contra mim” disse
o presidente. Em jornalismo, a palavra “furo” é um jargão para se referir a uma
informação recebida com exclusividade.
LINGUAGEM DE DELINQUENTE
Bolsonaro ofende repórter da Folha com trocadilho de cunho ...
A matéria mostrou um esquema que funcionava a partir do uso fraudulento de nomes e CPFs de idosos registrados em chips de celulares. O esquema era usado para disparos em massa de mensagens em benefício de políticos, incluindo o próprio Bolsonaro, que no fim daquele ano se elegeu Presidente da República.
Machismo e sexismo
A magistrada que condenou a indenizar Patrícia Campos Mello
avalia como central o questionamento sobre a frase “ela queria dar o furo a
qualquer preço contra mim” conter objetivo explícito de atingir a honra da
repórter. “Primeiramente, devemos considerar a profissão da autora, jornalista,
conhecida na mídia não só nacional. E também o cargo político ocupado pelo réu,
a Presidência da República. Portanto, suas declarações reverberam por todo o
país e também no exterior”. A juíza considera que Bolsonaro violou “a honra da
autora, causando-lhe dano moral, devendo, portanto, ser responsabilizado”
Inah Machado pontua ainda que “não há de se falar em
liberdade de expressão ou de pensamento, pois não é ilimitada, devendo observar
o direito alheio, especificamente a intimidade, a honra e a imagem da vítima”.
Para a advogada da FolhaTais Gasparian, além da relevância
da vitória judicial, “Essa decisão representa uma importante vitória para todas
as mulheres que são atacadas no exercício de sua profissão”.
Relacionado ao mesmo caso, o filho “Zero 2” do presidente, o
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), também foi condenado a indenizar
Patrícia Campos Mello, em 30 mil reais.
A decisão, de janeiro passado, foi tomada em primeiro grau pelo juiz Luiz Gustavo Esteves, da 11ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo. Ela se baseia na declaração de Eduardo transmitida em um canal bolsonarista no YouTube em maio do ano passado. Na ocasião, o parlamentar afirmou que Patrícia Campos Mello “tentava seduzir (fontes) para obter informações que fossem prejudiciais ao presidente Jair Bolsonaro”.
Bolsonaro é condenado a indenizar jornalista em R$ 20 mil
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