Trecho da Carta Magna é utilizado pelos eleitores de Bolsonaro para defender uma intervenção militar, com o fechamento do Congresso e do STF
Um comboio de aproximadamente 50 veículos da Marinha, entre tanques e blindados, desfilou em frente ao Palácio do Planalto e pela Esplanada dos Ministérios, na manhã desta terça-feira (10/8). Na ocasião, os militares entregaram ao presidente Jair Bolsonaro um convite para que ele participe de um treinamento da Marinha que acontecerá no próximo dia 16, em Formosa (GO).
A operação leva o nome da cidade goiana e é realizada desde 1988. Tradicionalmente, os veículos saem do Rio de Janeiro e passam por Brasília no caminho até Formosa. Contudo, esta foi a primeira vez que o desfile dos carros aconteceu na Esplanada. Coincidentemente, a cerimônia aconteceu no mesmo dia em que o plenário da Câmara dos Deputados votará a proposta de emenda à Constituição (PEC) que quer restabelecer o voto impresso no país.
O evento, portanto, foi interpretado por alguns parlamentares como uma forma de intimidação ao Congresso por parte de Bolsonaro, visto que a PEC tem grandes chances de não ser aprovada entre os deputados. O presidente defende a implementação do voto impresso e já ameaçou não permitir eleições no ano que vem caso o país não modifique o sistema eleitoral.
A passagem dos veículos da Marinha durou menos de 15 minutos. Bolsonaro estava acompanhado pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e dos comandantes da Marinha, o almirante de esquadra Almir Garnier Santos, do Exército, o general Paulo Sérgio Nogueira, e da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Baptista Junior. Diversos ministros do governo também presenciaram a cerimônia. Por outro lado, o vice-presidente Hamilton Mourão não compareceu.
Do lado de fora do Planalto, centenas de apoiadores do presidente acompanharam o desfile dos veículos. Durante a apresentação, eles fizeram coro pelo artigo 142 da Constituição, que diz que "as Forças Armadas são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".
Esse trecho da Carta Magna é constantemente utilizado pelos eleitores de Bolsonaro para defender uma intervenção militar, com o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, os apoiadores gritaram "eu autorizo".
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