O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma alegação distorcida em sua live de hoje ao declarar que o diesel no Brasil "está mais barato" frente a EUA e Europa, o que só é verdade para o valor nominal do combustível. A comparação feita pelo presidente não leva em conta o poder de compra, ou seja, o quanto o valor do litro do diesel pesa no bolso dos motoristas de cada local.
Bolsonaro deu tal declaração no mesmo dia em que a Petrobras anunciou aumentos nos preços da gasolina (18,77%), diesel (24,9%) e gás de cozinha (16%), em meio à escalada do valor do petróleo durante a guerra entre Rússia e Ucrânia. Leia a checagem:
Digo a vocês, o diesel aqui agora, mesmo com tudo isso, está mais barato do que na Europa, EUA."Presidente Jair Bolsonaro
A declaração do presidente é distorcida, pois trata dados verdadeiros de forma enganosa.
Segundo o site Global Petrol Prices, que acompanha preços de combustíveis em todo o planeta, o valor médio do litro do diesel no mundo na segunda-feira (7) era de R$ 6,20. No Brasil, estava em R$ 5,603, abaixo dos EUA (R$ 6,421) e de países da Europa como Suécia (R$ 13,781), Noruega (R$ 13,731), Dinamarca (R$ 11,978), Alemanha (R$ 11,275), França (R$ 10,964), Reino Unido (R$ 10,804) e Holanda (R$ 10,526).
No entanto, a comparação direta entre os valores do litro do diesel não permite saber o quanto esses preços pesam no bolso dos motoristas de cada país. Uma forma de entender isso é comparar quantos litros de diesel podem ser comprados com o salário mínimo local.
Sendo assim, levando-se em conta os valores listados no Global Petrol Prices e com data de segunda-feira, com um salário mínimo no Brasil (R$ 1.212), seria possível comprar 216,31 litros de diesel.
Nos EUA, o salário mínimo federal é de US$ 7,25 por hora, segundo o governo americano. Com isso, uma jornada de quatro semanas de quarenta horas semanais rende um salário de US$ 1.160, valor que permite a compra de 1.002 litros de diesel a US$ 1,157.
Na Alemanha, o salário mínimo é de 1.621 euros mensais para um trabalho em tempo integral, segundo o governo alemão. Segundo o Global Petrol Prices, o litro do diesel no país saía a 2,032 euros na segunda-feira. Com isso, naquele momento, o salário alemão conseguia comprar 797 litros do combustível.
O mesmo levantamento do governo alemão, divulgado em 23 de fevereiro a partir de estatísticas da União Europeia, mostra que o salário mínimo na Holanda é de 1.725 euros mensais. Este valor permitia a compra de 909 litros de diesel a 1,897 euro, segundo os valores de segunda-feira.
Ainda de acordo com a mesma fonte, o salário mínimo francês é de 1.603 euros mensais, o que permitia a compra de 811 litros de diesel a 1,976 euro o litro.
Em outubro do ano passado, o UOL Confere publicou checagem semelhante para esclarecer uma comparação enganosa que circulava nas redes sociais sobre os preços da gasolina no Brasil e no exterior.
Com o conflito entre Ucrânia e Rússia, o barril do petróleo chegou a ultrapassar a marca de US$ 130 nos últimos dias. Segundo cálculos da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Fertilizantes), com o aumento anunciado pela Petrobras, o preço médio do litro do diesel no Brasil deve subir de R$ 5,60 para R$ 6,48.
Hoje à tarde, o Senado aprovou dois projetos que buscam conter a alta. Os textos ainda precisam passar por votação na Câmara. Na live, Bolsonaro afirmou que pretende sancionar uma das propostas, que muda regras do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis e zera as alíquotas PIS/Cofins, assim que aprovada pelos deputados. Segundo o presidente, a medida reduziria o aumento do litro do diesel de R$ 0,90 para R$ 0,30.
Vídeo da orgia de João Doria é verdadeiro, conclui laudo da
PF
Laudo pericial da Polícia Federal descarta "sinais de
manipulação" no vídeo em que João Doria aparece na cama com diversas
mulheres. Chamada para depor, uma delas é funcionária do gabinete de um
parlamentar aliado do governador
vídeo orgia doria
Em janeiro deste ano, a PF elaborou um laudo pericial no
qual descarta “sinais de manipulação” nas imagens. Os encarregados da
investigação também chamaram para depor uma mulher apontada como participante
do encontro. A mulher de 41 anos é funcionária do gabinete de um parlamentar
aliado de João Doria.
O curioso é que o inquérito, aberto ainda em 2018 a pedido
dos advogados do próprio Doria para apurar o crime de “difamação eleitoral”,
pode se virar contra o governador no ano em que ele pretende disputar a
Presidência da República.
Em nota, João Doria afirma que a PF está reeditando “o maior
crime eleitoral já realizado contra um candidato na história do Brasil,
justamente quando se aproximam as próximas eleições presidenciais” e acusa a
instituição de tentar prejudicar sua pré-candidatura ao Planalto.
O vídeo, dividido em dois trechos, começou a circular em 23
de outubro daquele ano. Nas imagens, um homem com feições semelhantes às de
Doria aparece na cama com seis mulheres. Naquele mesmo dia, o governador veio a
público, ao lado da primeira-dama, Bia Doria, para negar que fosse ele o
personagem das cenas.
O tucano classificou o vídeo de “vergonhoso” e disse
tratar-se de uma “fake news” que teria sido forjada por adversários políticos.
Cinco dias depois, Doria disputaria o segundo turno contra o então governador
Márcio França, do PSB, que negou envolvimento no caso e processou o tucano por
calúnia. No ano passado, Doria disse em uma entrevista que França estava por
trás da propagação da gravação.
O pedido para que a Polícia Federal apurasse a “difamação
eleitoral” contra Doria foi feito pela defesa do governador logo no dia
seguinte à divulgação do vídeo.
Àquela altura, o criminalista Fernando José da Costa, que
hoje é secretário da Justiça do governo Doria, anexou um laudo no qual dois
peritos contratados afirmavam que o vídeo tem “características de claro produto
de montagem e simulação” e que o homem que aparece nas imagens tem
características diferentes da fisionomia de Doria, como o “formato dos dentes”,
“ausência de pelugem no tórax” e costeleta diferente.
O advogado disse ainda que no momento da orgia – a gravação
teria sido feita na noite de 11 de outubro de 2018 – o tucano estava reunido
com ele no comitê de campanha do PSDB.
A apuração da Polícia Federal havia caído no esquecimento,
mas ganhou força nos últimos meses. A investigação já passou pelas mãos de
cinco delegados. No início, a PF ouviu um homem que compartilhou o vídeo em um
grupo de WhatsApp de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no dia em que as
cenas viralizaram.
Por causa da pandemia, alguns depoimentos de testemunhas
foram adiados e o inquérito foi prorrogado com anuência do Ministério Público e
autorização do juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo. A investigação voltou a
tramitar mais rapidamente em outubro do ano passado, quando o delegado Leonardo
Henrique Rodrigues solicitou uma perícia técnica ao Núcleo de Criminalística da
PF para “identificar/reconhecer a identidade das mulheres” que aparecem nas
cenas. O delegado também pediu que os peritos federais apontassem eventuais montagens
no vídeo.
A partir da demanda, os peritos chegaram até a comparar o
rosto das mulheres com o banco de imagens faciais mantido pela corporação na
tentativa de reconhecer alguma das participantes. Por causa da baixa qualidade
técnica da gravação, porém, o sistema não conseguiu identificar ninguém.
Conclusões diferentes da perícia contratada por Doria
Apesar da tentativa frustrada de reconhecimento facial por
meio da tecnologia, a perícia da PF chegou a uma conclusão que vai na contramão
do argumento sustentado até então pela defesa de Doria – a de que o vídeo foi
manipulado.
No laudo, assinado em janeiro deste ano, o perito Bruno
Garbe Júnior diz não ter encontrado indícios de fraude no material. No
documento, o perito afirma que “analisou a direção da iluminação, disposição de
personagens e objetos e suas relações na imagem, assim como a continuidade do
sinal de áudio, não encontrando sinais de adulteração nas imagens examinadas”.
Adversários de Doria chegaram a ser ouvidos pela PF. Foi por
essa via, por sinal, que os investigadores conseguiram nome e sobrenome da
mulher intimada para prestar depoimento. A identificação dessa testemunha, que
teria participado da orgia, ocorreu após depoimento do vereador paulistano
Camilo Cristófaro. Foi o parlamentar quem afirmou aos investigadores que essa
mulher, atualmente, trabalha como assessora de um vereador da Câmara Municipal
de São Paulo ligado a Doria. Com os dados da assessora em mãos, a PF a chamou
para depor.
as informações são da revista Crusoé
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