O primeiro foi logo de madrugada, em um apartamento na Região do Barreiro; outro foi em um carro na Avenida dos Andradas
Carro pega fogo
“Não tenho medo de perder a vida”, diz delegado exonerado
após investigar Salles
Por Thais Rodrigues Em 26 abr, 2021 - 16:41 Última
Atualização 26 abr, 2021 - 20:08
LegislativoMeio Ambiente
Alexandre Saraiva, demitido após apresentar a notícia-crime
contra SallesReprodução TV CâmaraReprodução TV Câmara
Nesta segunda-feira (26), o delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, participou de uma
audiência pública promovido pelas Comissões de Legislação Participativa e de
Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Ele foi exonerado da
superintendência da PF no Amazonas após apresentar notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal
(STF) contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Segundo Saraiva, o
ministro é conivente com a grilagem de terras feita em áreas de proteção
permanente no Pará.
Logo no início da audiência, deputados bateram boca e o
clima tenso seguiu até o fim da reunião. Vitor Hugo (PSL-GO), aliado de Jair
Bolsonaro, tentou impedir o depoimento de Saraiva. O parlamentar disse que o
delegado deveria falar à Comissão de Meio Ambiente ou à CCJ.
O deputado federal Sanderson (PSL-RS) afirmou que o delegado
deveria se ater às suas funções administrativas e não "extrapolar para as
instâncias políticas". Segundo ele, o policial está em "maus
lençóis" ao "conduzir um inquérito de forma totalmente
apaixonada".
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Alexandre Saraiva disse que ao entrar na polícia sabia que
estava correndo risco de morte, por isso, não tinha "medo de perder o
emprego". "O senhor estava me ameaçando. Não tenho medo nem de perder
a vida", disse o policial que afirmou não defender nenhuma ideologia
política ou partidária. "Quero
defender o meio ambiente pensando no Brasil".
Confira a discussão que iniciou a sessão:
Notícia-crime
Segundo Saraiva, Salles deveria ser investigado por sua reação à operação de embargo de uma quantidade histórica de madeira ilegal: cerca de duzentos mil metros cúbicos. A notícia-crime aponta alguns possíveis delitos, dentre eles, dificultar a ação fiscalizadora do poder público no meio ambiente, exercer advocacia administrativa e integrar organização criminosa.
Saraiva foi substituído pelo delegado Leandro Almada.
Segundo Saraiva, as atividades do Ibama estão sendo desviadas no combate ao
desflorestamento.
O delegado fez uma apresentação em PowerPoint onde mostrou
uma série de provas contra o Executivo. Nesse momento, foi ironizado por
deputados ao ser comparado com o procurador Dalton Dallagnol, conhecido pela
apresentação feita contra o ex-presidente Lula na Lava-Jato.
Veja as provas apresentadas:
Incongruência em documentações, na localização da área explorada, na reivindicação da madeira,
Incongruência em documentações, na localização da área explorada, na reivindicação da madeira, além de histórico de descumprimento da lei pelas madeireiras participantes do caso foram algumas das evidências mostradas por Saraiva."Apenas 10 pessoas reivindicaram seu carregamento de madeira. Não apareceu dono para 70% da madeira, o ministério recebeu todos os laudos necessários e fez vistas grossas para isso", disse Saraiva.
Alguns deputados participantes afirmam que a atitude de
exonerar o superintendente da PF no Amazonas foi uma forma de punição ao
comportamento do delegado, configurando abuso de poder. Mas também há aqueles
que desconfiam das atitudes de Saraiva, indicando parcialidade no caso.
Os deputados bolsonaristas Éder Mauro, Victor Hugo e Carla
Zambelli disseram que as provas não eram suficientes. Mauro, inclusive,
utilizou de palavras de baixo calão para defender seu posicionamento: "Se
fosse uma ação do MST, a esquerdalha não ia falar porra nenhuma", disse.
> >PF no Amazonas apresenta notícia-crime contra Ricardo Salles e senador
Thais
Rodrigues
Repórter do programa Diversidade nas Redações da É Nóis
Conteúdos; fez parte da equipe de comunicação do Fundo de População das Nações
Unidas e da campanha Vidas Negras da ONU. Atua como pesquisadora das áreas de
Comunicação Comunitária e Comunicação em Saúde.
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