Governador afirmou que "realmente o governo federal subestimou a periculosidade do vírus" ao se referir à taxa de óbitos por milhão de habitantes
Márcia Maria Cruz
Matheus Muratori
08/04/2021 09:47 - atualizado 08/04/2021 11:45
Romeu Zema durante entrevista coletiva na manhã desta
quinta-feira, na Cidade Administrativa
(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, lamentou
nesta quinta-feira (8/4) o fato de Jair Bolsonaro (sem partido), presidente da
República, ter menosprezado a pandemia da COVID-19, especialmente no início dos
casos de infecção, em março de 2020.
A resposta se deu após questionamento do Estado de Minas em
entrevista coletiva concedida nesta manhã, na Cidade Administrativa, sede do
governo de Minas, em Belo Horizonte.
LEIA MAIS
- 19:22 - 07/04/2021'Não vamos chorar o leite derramado', diz Bolsonaro sobre aumento de mortes
- 10:30 - 03/06/2020coronavirusbrasil
- 10:23 - 08/04/2021COVID-19: Minas registra mais 492 mortes e 9.203 casos em 24 horas
“Quando analisamos óbitos por milhão de habitantes, fica
claro que o desempenho do Brasil não é bom, poderia ser muito melhor.
Lamentamos muito que esse inimigo tão perigoso tenha sido menosprezado lá
atrás”, disse Zema. E completou: "Realmente o governo federal subestimou a
periculosidade do vírus".
O ponto alto da displicência de Bolsonaro quanto ao vírus,
que pode ser vista até ações recentes - como defesa do tratamento precoce,
negado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e demora para ingressar
na busca pelas vacinas -, aconteceu em março de 2020.
Naquela ocasião, com o primeiro mês de pandemia do
coronavírus e com a maioria das cidades iniciando o processo de restrições, o
presidente disse, em pronunciamento nacional de rádio e televisão, que a
COVID-19 se tratava de uma “gripezinha” para ele.
"No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como disse aquele famoso médico daquela famosa televisão. Enquanto estou falando, o mundo busca um tratamento para a doença", afirmou o presidente, à época.
Apesar da crítica inicial, Zema ponderou a excepcionalidade
da COVID-19. O governador, que até então não assinou nenhuma das cartas de
repúdio formuladas pelos chefes estaduais contra as ações de Bolsonaro na
pandemia, disse que poucos países lidaram bem com a pandemia e que até nações
desenvolvidas sofrem nos dias de hoje, mesmo com mais de um ano do vírus
espalhado.
“Mas temos assistido também, inclusive em países
desenvolvidos que têm todos os recursos financeiros que nos faltam, toda
estrutura burocrática eficiente, onde a taxa de óbito foi maior que no Brasil.
Culpar é muito fácil, dar a solução é que é difícil. Países que realmente foram
bem na pandemia são raríssimos, e os casos estão muito ligados àqueles países
que são tipo uma ilha, Austrália, Nova Zelândia, que conseguem realmente barrar
entrada de pessoas, que não tem fronteiras, esses sim conduziram de forma
adequada. Estamos esta semana assistindo, inclusive, um país desenvolvido, a
França, em total lockdown”, afirmou.
Por fim, Zema uniu os dois pontos: a novidade da COVID-19,
comparando com os casos de Aids na década de 1980, com a negligência do governo
federal no combate ao novo coronavírus.
“Fica claro que o vírus é algo que a ciência, nosso
conhecimento, ainda não tem conhecimento suficiente para estar tratando. Talvez
daqui a dois anos, cinco, vamos descobrir muita coisa que hoje não sabemos.
Quem aqui é mais velho, como eu, lembra perfeitamente o que aconteceu com a
Aids na década de 80, ninguém sabia nada sobre Aids. E hoje sabemos que é uma
doença tratada, que não se transmite com a mera proximidade física, o que na
época não se sabia. O vírus ainda é desconhecido, mas, realmente, o governo
subestimou a periculosidade desse vírus. Deveria, quando nós não sabemos, dar
mais atenção ao inimigo. Realmente, nesse ponto, houve deficiência, algo a mais
poderia ter sido feito”, completou o governador.
Segundo dados divulgados nessa quinta-feira (8/4) pelo
Ministério da Saúde, o Brasil registrou 3.829 mortes pelo vírus e 92.625
infectados em 24 horas. O país chegou a 340.776 vidas perdidas e 13.193.205
diagnósticos positivos para a doença em solo brasieliro. Minas Gerais é o
terceiro estado com mais mortes, ainda de acordo com os dados do governo
federal, com 25.303 óbitos pela pandemia.
Policiais militares começaram perseguição na altura do Bairro Serra Verde, Região Norte de Belo Horizonte
Nenhum comentário:
Postar um comentário