Contemplados com as maiores proporções de doses pelo governo federal, estado e município evitam falar em datas e não divulgam público estimado de cada etapa.
Enquanto 17 capitais do país expandem a imunização para a população idosa fora dos asilos, Minas Gerais, dono do segundo maior lote de vacinas entregues pelo governo federal até o momento, ainda não tem previsão para atender a este grupo.
Tampouco divulga os quantitativos de seu planejamento para os municípios. Ou seja: quantos são os trabalhadores da saúde, os indígenas, as pessoas com deficiência abrigadas em instituições, entre outros prioritários.
A situação é semelhante em Belo Horizonte, onde a proteção dos idosos além das casas de repouso permanece fora do calendário municipal. A capital também evita falar em cálculos populacionais. Questionada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde admitiu ter feito levantamentos mas, por ora, “optou por não divulgá-los”.
A logística imprecisa, assim como a falta de informações, tem gerado ansiedade e impaciência entre os mineiros com mais de 60, que somam 3,45 milhões conforme estimativas do IBGE, e concentram 81% das mortes pela COVID-19, de acordo com Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
A logística imprecisa, assim como a falta de informações, tem gerado ansiedade e impaciência entre os mineiros com mais de 60, que somam 3,45 milhões conforme estimativas do IBGE, e concentram 81% das mortes pela COVID-19, de acordo com Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Gera também dúvidas. O que impede os governos de Minas e de BH de avançarem na campanha, e por que ainda não planejam a inclusão de nenhuma faixa da terceira idade?
Especialistas consultados pela reportagem recomendam a imunização ao menos dos mineiros com mais de 90 anos e reforçam a necessidade de máxima transparência na divulgação de dados durante a pandemia, inclusive como estratégia de combate ao desrespeito à “fila” da vacina.
Respostas genéricas
Ambas as esferas de governo respondem aos questionamentos sobre o cronograma da vacinação dos idosos de forma evasiva. A SES-MG diz que a ampliação da vacinação para os demais públicos será feita “à medida em que novas remessas forem enviadas ao estado”. Na mesma linha, a PBH afirma que “o número de pessoas a serem vacinadas em cada grupo depende do quantitativo de doses recebidas pelo município”.
Vale lembrar que a União retirou os idosos acima de 75 anos não institucionalizados da primeira fase do Plano Nacional de Imunização (PNI). O encaixe do grupo ficou a cargo dos estados e municípios.
O infectologista Luiz Wellington Pinto defende a antecipação do atendimento de idosos, sobretudo os de idade avançada.
A infectologista e epidemiologista Luana Araújo, por sua vez, avalia que, diante das informações disponibilizadas até então pela prefeitura e pelo Executivo estadual, é inviável analisar a possibilidade da inclusão de outros grupos nesta fase da campanha. A médica pondera que a decisão de adiantar ou adiar o atendimento é complexa e leva em conta variáveis diversas e peculiares de cada região. Ela ressalta, porém, que a falta de clareza é inimiga de qualquer planejamento.
"Infelizmente, temos poucas doses, insuficientes até para cobrir os grupos prioritários do momento. E a vacinação deve seguir em ritmo lento por algum tempo. Então, talvez seja arriscado esperar até que todos os profissionais de saúde e institucionalizados sejam protegidos para, então, cuidar dos idosos, que são muito vulneráveis. Me parece razoável vacinar ao menos a faixa dos 90 anos para cima, especialmente aqueles com comorbidades", opina o especialista"
A infectologista e epidemiologista Luana Araújo, por sua vez, avalia que, diante das informações disponibilizadas até então pela prefeitura e pelo Executivo estadual, é inviável analisar a possibilidade da inclusão de outros grupos nesta fase da campanha. A médica pondera que a decisão de adiantar ou adiar o atendimento é complexa e leva em conta variáveis diversas e peculiares de cada região. Ela ressalta, porém, que a falta de clareza é inimiga de qualquer planejamento.
“A transparência é construtora da confiança. Quando não temos informações suficientes, fica tudo nebuloso e instável. As pessoas então ficam vulneráveis a especulações e mentiras. Isso gera um ambiente caótico, propício aos ‘fura filas’ da vacina, por exemplo. A transparência ajuda o cidadão na compreensão da realidade, no entendimento de que a vacinação é uma longa maratona, mas que a vez dele vai chegar. Então ele não precisa furar a fila”, avalia Luana.
Brasil afora
A vacinação parecer seguir com mais agilidade e planilhas abertas em ao menos 17 cidades brasileiras. É o caso da capital fluminense. Desde segunda-feira (1°/2), os imunizantes são aplicados nos cariocas com mais de 99 anos. Cada idade tem um dia reservado no planejamento. A prefeitura estima que, até o fim de fevereiro, toda a população a partir de 75 anos - em torno de 371 mil cariocas - estará coberta.
Com 6,7 milhões de habitantes, mais que o dobro da população da capital mineira (2,5 milhões), a cidade recebeu 326,5 mil doses de vacinas. Até a tarde desta quarta-feira (4/2), 145.357 haviam sido protegidas.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que decidiu acelerar o cronograma do município após as novas remessa de ampolas anunciadas pelo Ministério da Saúde - sobretudo a de 32,6 milhões de doses CoronaVac (feita pelo Sinovac Biotech/Instituto Butantan) e da Covishield (da AstraZeneca/Universidade de Oxford/Fiocruz), prevista para chegar ao Brasil até o fim de fevereiro.
Os planos, contudo, soam arriscados. Os carregamentos entregues aos cariocas duram até 15 de fevereiro. Questionadas pela imprensa, as autoridades sanitárias dizem não temer a falta de produtos e reforçam a confiança no calendário estabelecido.
Em Pernambuco, a população idosa dos asilos começou a ser vacinada em 26 de janeiro nos 184 municípios do estado. A decisão partiu da Secretaria Estadual de Saúde. Os primeiros da fila fora são os maiores de 85 anos, que totalizam 75.159. Segundo a pasta, o estado recebeu, ao todo, 393 mil doses, quantitativo suficiente para proteger 100% dos idosos institucionalizados (2.462), pessoas com deficiência internadas (130), idosos a partir dos 85 anos e população indígena aldeada (26.729), além de 40% dos trabalhadores da saúde das redes pública e privada (69.816). A população total em Pernambuco é de 9,2 milhões.
Minas, com 20,8 milhões de habitantes, recebeu 855,68 mil vacinas do governo federal. O público prioritário da campanha, por enquanto, é o estimado pelo Ministério da Saúde que, segundo o próprio estado, está defasado. A SES-MG diz que trabalha na elaboração de um novo levantamento junto aos municípios, ainda sem data para divulgação. Por ora, os números disponíveis são os do governo federal: 38.578 pessoas com 60 anos ou mais institucionalizadas, 1.160 pessoas com deficiência internadas, 7.878 indígenas e 227.472 trabalhadores da saúde.
No Distrito Federal, a vacinação do público acima de 80 anos começou por drive-thru, nesta segunda-feira (2/2). O secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, espera ampliar a campanha para maiores de 75 a partir deste sábado (6/2). Com população de 3 milhões de pessoas, a capital federal recebeu 125.201 unidades de vacina. O total brasilienses idosos é estimado em 35 mil.
A vacinação da terceira idade tem calendário em ao menos mais 14 capitais. São elas: São Paulo (8/2), Rio Branco (1°/2), Fortaleza (27/1), Manaus (29/1), Porto Velho (2/2), Salvador (3/2), Belém (3/2), Boa Vista (3/2), Maceió (28/1), São Luís (30/1), João Pessoa (27/1), Natal (1/1), Campo Grande (1°/2), Vitória (5/2).
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