segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Veja 10 vezes em que Bolsonaro criticou a CoronaVac

 Presidente já chamou imunizante de 'vacina chinesa de João Doria' e disse diversas vezes que não seria comprado pelo governo

O presidente Jair Bolsonaro, após votar no Rio de Janeiro Foto: André Coelho/AFP/28-11-2020


RASÍLIA — A CoronaVac, vacina contra a Covid-19 que começa a ser distribuída nesta segunda-feira pelo Ministério da Saúde para todo o país, já foi alvo de diversos ataques do presidente Jair Bolsonaro. O imunizante ficou no centro de uma disputa política entre Bolsonaro e governador de São Paulo, João Doria, responsável pelo acordo que trouxe a vacina para o Brasil.

O Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo, desenvolve a CoronaVac em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. O governo federal, por outro lado, fez um acordo, por meio da Fiocruz, para produzir a vacina da Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca.

Nos últimos seis meses, Bolsonaro criticou as circunstâncias do acordo do Butantan, disse que o governo federal não compraria a vacina e minimizou a eficácia do imunizante. Confira a lista:

1- 'Não é daquele outro país'

Inicialmente, Bolsonaro começou a ironizar a CoronaVac de forma velada, exaltando o acordo feito pelo governo com a Universidade de Oxford. Em julho, durante uma transmissão ao vivo, ressaltou que o imunizante comprado não era "daquele outro país":

— Se fala muito da vacina da Covid-19. Nós entramos naquele consórcio lá de Oxford. Pelo que tudo indica, vai dar certo e 100 milhões de unidades chegarão para nós. Não é daquele outro país não, tá ok, pessoal? É de Oxford aí — disse o presidente.

2- 'Diferente daquela outra'

Em agosto, durante uma cerimônia no Palácio do Planalto, voltou a exaltar o acordo da Fiocruz e minimizar o do Butantan, dizendo que o primeiro envolvia a transferência de tecnologia:

— E o que é mais importante nessa vacina, diferente daquela outra que um governador resolveu acertar com outro país, vem a tecnologia pra nós.

3- 'Não será comprada'

O tom subiu em outubro, quando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou um acordo para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. No dia seguinte, em um comentário no Facebook, Bolsonaro chamou o imunizante de "vacina chinesa de João Doria" e afirmou que não seria comprado.

4- 'Mandei cancelar'

No mesmo dia, durante evento em São Paulo, reforçou que havia mandado cancelar o acordo.

— Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade — disse Bolsonaro.

Para prestigiar Pazuello, que havia sido desautorizado publicamente, o presidente visitou o ministro, que na época estava infectado com a Covid-19. Pazuello minimizou o desentendimento e disse que "um manda, o outro obedece".

5- 'Descrédito muito grande'

A justificativa de Bolsonaro para se opor ao acordo era de que o governo não poderia comprar uma vacina antes do registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) porque a população brasileira não seria "cobaia de ninguém". Entretanto, um dia depois de determinar o cancelamento, o presidente chegou a afirmar, em uma entrevista, que não compraria nenhuma vacina com origem na China, porque o país teria um "descrédito muito grande".

—  A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população — disse. — A China, lamentavelmente, já existe um descrédito muito grande por parte da população, até porque, como muitos dizem, esse vírus teria nascido por lá.

6 - 'Procura outro para pagar'

No fim do mês, dirigiu-se a Doria durante uma transmissão e disse a ele para procurar "outro para pagar a tua vacina":

— Ninguém vai tomar a sua vacina na marra não, tá ok? Procura outro. E eu, que sou governo, o dinheiro não é meu, é do povo, não vai comprar a vacina também não, tá ok? Procura outro para pagar a tua vacina aí.

7- 'Mais uma que Jair Bolsonaro ganha'

Em novembro, a disputa política continuou e Bolsonaro chegou a comemorar quando os testes da CoronaVac no Brasil foram suspensos, após a morte de um dos voluntários. Mesmo sem detalhes sobre a circunstância da morte — a Anvisa posteriormente concluiu que não havia relação com os testes —, Bolsonaro afirmou que a vacina poderia causar "morte, invalidez, anomalia" e disse que era uma vitória sua.

"Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", escreveu.

8 - 'Eficácia lá embaixo'

Com a conclusão do testes, em dezembro, o alvo do presidente passou a ser a eficácia da vacina. Antes do Instituto Butantan divulgar os dados, Bolsonaro afirmou, em uma transmissão, que "a eficácia daquela vacina em São Paulo parece que está lá embaixo".

9 - 'Essa de 50% uma boa?'

Em janeiro, mesmo após o Ministério da Saúde ter assinado um contrato de compra da CoronaVac, Bolsonaro seguiu o ironizando o imunizante. Depois do Instituto Butantan divulgar que a taxa de eficácia era de 50,38%, o presidente disse a um apoiador:

— Essa de 50% é uma boa?

10 - 'Baixa taxa de sucesso'

Na sexta-feira, minutos antes do Ministério da Saúde requisitar ao governo de São Paulo todas as doses da CoronaVac, o presidente afirmou em uma entrevista que João Doria estava "desmoralizado pela baixa taxa de sucesso na sua vacina".

Após a aprovação da CoronaVac pela Anvisa e o início da vacinação em São Paulo, no domingo, Bolsonaro ainda não se pronunciou.

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