Ireno Nelson Pretzel, 65 anos, matou a médica Lúcia Schultz em março de 2020 na cidade de Itapema, litoral catarinense. O réu confesso foi solto três meses depois do crime. (Foto: Arquivo Pessoal)
feminicídio
Um feminicida confesso à procura da próxima vítima
postado em 22/03/2021, 9:21
Por Juliana Rabelo
Três meses após feminicídio da médica Lúcia Schultz em
Itapema, a justiça catarinense decretou a liberdade do réu confesso, Nelson
Pretzel. A decisão foi revertida, mas o autor do crime segue solto.
A filha de Lúcia Regina Gomes Mattos Schultz viu a vida
perder o sentido ao receber a ligação do irmão na noite do dia 20 de março de
2020. “O Nelson matou a mãe”. Menos de três meses depois Juliana Mattos dos Santos
recebeu outra punhalada. “O juiz mandou soltar o Nelson”. A decisão
questionável do judiciário catarinense foi contestada pelo Ministério Público
Estadual. A justiça reavaliou o caso e a prisão do réu confesso foi novamente
decretada, mas já era tarde demais. Nelson desapareceu do mapa.
O feminicídio da médica Lúcia Schultz de 59 anos foi o
primeiro a ser registrado no estado no período da pandemia. No total, 49
catarinenses foram assassinadas de março a dezembro de 2020. Na reportagem “O
cárcere feminino do coronavírus” publicada no dia 22 de março de 2020, a morte
de Lúcia ilustrou o que a Organização Mundial da Saúde alertava sobre o aumento
da violência doméstica devido ao isolamento imposto pelo coronavírus. Eu só não
imaginava (será?) que um ano depois este mesmo caso se juntaria a tantos outros
na lista da banalização da violência contra as mulheres.
“Eu e meu irmão optamos por sermos discretos porque
estávamos apostando na justiça, mas com esse final de ele estar solto e estar
sumido, agora queremos colocar a boca no trombone”, declara Juliana.
A liberdade provisória de Ireno Nelson Pretzel de 65 anos
decretada em junho do ano passado partiu de Marcelo Trevisan Tambosi, o mesmo
juiz que decretou a prisão preventiva no dia seguinte ao crime. A decisão foi
tomada um dia depois da primeira audiência em que réu e testemunhas foram
ouvidos.
Lúcia Mattos Schultz foi a primeira vítima de feminicídio no estado durante a pandemia. (Foto: Arquivo Pessoal)
“Os filhos (do primeiro casamento) do Nelson falaram na
audiência que o pai voltou ao local do crime para se entregar, mas isso não é
verdade, tanto é que as câmeras de segurança do prédio mostram, logo depois de
matá-la, ele descendo com caixas de roupas e itens pessoais no intuito de
fugir. Ele só voltou para o local do crime porque os filhos não o acolheram e
ele não tinha para onde ir”, conta a assistente de acusação Márcia Irigonhe.
Naquela época, hotéis e pousadas estavam fechados por conta do decreto estadual
de medidas restritivas.
O magistrado que antes havia declarado que, mesmo que o
autor tenha residência fixa, apresente problemas de saúde e integre o grupo de
risco de contágio da Covid19, a imediata soltura do acusado provocaria na
sociedade a sensação de impunidade pelo terrível ato cometido, tempos depois
justificaria a soltura em um texto com menos de três parágrafos usando os
mesmos argumentos só que de forma favorável ao réu.
O Conselho Nacional de Justiça enviou uma recomendação a
todos os Tribunais e magistrados logo no início da pandemia em que aconselha a
reavaliação das prisões provisórias, mas somente as relacionadas a crimes
praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa.
“O CNJ foi taxativo, crime hediondo ou crime com grave
ameaça não pode soltar só com base na pandemia. A recomendação aos juízes é de
reavaliarem as prisões e não soltarem. Existe uma diferença muito grande”,
afirma Irigonhe.
Questionado sobre a decisão de soltura, o juiz informou que
não se manifestará por se tratar de um processo em segredo de justiça.
Em nota enviada ao Portal Catarinas, o Ministério Público
alega que o órgão não foi consultado sobre a revogação da prisão preventiva e
recorreu da decisão logo em seguida porque entendeu que ainda estavam presentes
os requisitos para manutenção da prisão. Foram 60 dias de espera até a justiça
decidir pela volta do acusado à unidade prisional de Itapema. Tempo suficiente
para Nelson fugir.
Para Ísis de Jesus Garcia, pesquisadora do Laboratório de
Estudos das Violências (LEVIS) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), a punição nem sempre resolve o problema da violência contra as
mulheres, mas há casos como o de Nelson que só a prisão pode tentar resolver.
“Qual é o recado que o poder judiciário está dando quando solta um sujeito como
este? O recado de impunidade, que não se importa com a violência contra a
mulher”, conclui Garcia.
A CORRIDA CONTRA A FUGA
Com o mandado de prisão expedido em setembro, a família de
Lúcia voltou a ter esperança, mas logo esbarrou nos antigos problemas da
segurança pública estadual acentuadas pela pandemia. Não é de hoje que a
polícia civil e militar tem que lidar com a falta de efetivo nas instituições. Com
o surgimento da covid19, a situação piorou devido ao afastamento dos agentes
acometidos pelo vírus, prejudicando ainda mais o andamento das investigações.
“Passados 41 dias desde a expedição do mandado, eu liguei na
delegacia e o agente achou o documento em uma pilha de papéis que não deveria
estar, portanto estava parado. Se eu não tivesse ligado, jamais teria saído
dali. Ele ainda me contou que tinha interrompido as férias para substituir
outro policial afastado por conta da covid”, conta Juliana.
Para se ter uma ideia, o laudo pericial do local do crime
demorou 191 dias para ficar pronto, um processo que, antes da pandemia, era
feito no máximo em um mês. “O efetivo da polícia civil daqui é muito aquém,
isso atrapalha as diligências e também as questões investigativas e
cartorárias”, afirma o delegado titular de Itapema, Aden Claus.
Desde setembro de 2020 o mandado de prisão de Nelson Pretzel segue em aberto. (Foto: Arquivo Pessoal)
Uma semana após o contato da filha, a polícia civil fez
diligências nas cidades de Balneário Camboriú e Gaspar, nos endereços
informados pelo réu à justiça, mas não o encontrou. Até o dia 8 de março de
2021, o assassino não figurava no rol de procurados. “Os casos que aconteceram
em Itapema têm mais importância, mas não existe protocolo a ser seguido, se vão
voltar a fazer a diligência e como vão fazer. A maneira que é feita depende da
investigação de cada caso, mas ele está sendo procurado, sim”, afirma Claus.
“Ele passou o aniversário solto, ele fez 65 anos em liberdade.
Minha mãe ia completar 60 em abril, mas não pôde porque ele a matou 10 dias
antes”, indigna-se Juliana.
A lentidão, aliás, permeia todo o caso e atrapalha a visão
de quem quer ver a justiça no fim do túnel. De acordo com a assistente de
acusação, o processo na justiça anda a passos lentos. “A primeira fase está
completa, estamos aguardando a pronúncia do juiz desde 3 de dezembro de 2020.
São mais de 3 meses esperando ele decidir se o Nelson vai a júri ou não”,
relata Irigonhe.
Tanto a assistência de acusação quanto a promotoria de
justiça, querem que Nelson responda por feminicídio com a qualificadora de meio
cruel (asfixia) e agravante pelo momento de calamidade pública. A pena máxima é
de até 30 anos. Mas de acordo com Irigonhe, esse cenário parece estar cada vez
mais distante. “Primeiro que nesta pandemia não está sendo feito júri de réu
solto. Segundo que, quando é réu solto o júri pode demorar muito pra acontecer.
O episódio no Carandiru, por exemplo, demorou 20 anos porque tinha gente
foragida e solta. Com ele solto, a gente tem a possibilidade desse homem nunca
ser punido”.
INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA NÃO É SUFICIENTE PARA DEIXAR ABUSADORES
“Quando o Nelson chegou na vida da minha mãe ela era gigante, ela estava no auge da carreira, atuava como secretária de estado da saúde em Santa Catarina. Ela já tinha sido diretora do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. Desde o início da relação ela foi diminuindo, até a inexistência, literalmente”, relata Juliana.
Nascida no Rio de Janeiro, Lúcia se formou em medicina na
Universidade Federal do RJ em 1984 e escolheu Florianópolis para fazer a
residência médica. Especializou-se em pediatria e trilhou uma carreira de
sucesso em volta de muitos amigos. Ela era reconhecida pela competência profissional
e pela simpatia. Do primeiro casamento teve dois filhos, Juliana Mattos dos
Santos, servidora pública e Luiz Carlos Mattos dos Santos, médico.
“Ser médico era uma vontade que eu tinha desde pequeno por
grande influência da minha mãe, a gente ia em eventos que os pacientes
convidavam e eu via o quanto ela era querida pelas pessoas, que ela fazia
diferença no mundo. Ela sempre chegava sorrindo, a presença dela era muito
agradável, nunca foi uma pessoa agressiva, era muito carinhosa”, conta Luiz.
Com uma boa vida financeira e muito segura de si, Lúcia
divorciou-se do pai dos filhos. Anos mais tarde conheceu o médico Jonas com
quem viveu uma grande história de amor. “Ele era extremamente agradável, dócil,
levava café da manhã todo dia, deixava recadinhos. Ele gostava dos amigos
dela”, lembra o filho. Em 2011, Jonas faleceu de câncer e a médica passou por
um processo de luto que durou dois anos.
“A minha mãe tinha um medo muito grande de envelhecer
sozinha”, conta Juliana.
Conforme a psicanalista e escritora brasileira, Regina
Navarro Lins, as mulheres são educadas na cultura patriarcal a corresponderem
às expectativas dos homens e a terem um parceiro amoroso ao lado. “Se não tiver
um homem ao lado se sente desvalorizada. Recebo várias mensagens de mulheres
dizendo ‘tenho 35 anos e ainda não casei, estou me sentindo velha e
desvalorizada’. É um condicionamento da mentalidade patriarcal”, explica.
Em 2013, Lúcia conheceu Nelson através do site de
relacionamentos ‘Par Perfeito’. Um nome um tanto quanto exagerado e
insustentável, assim como Nelson. Abusadores são encantadores e sedutores, agem
de forma sutil e quando conseguem espaço na vida do outro, invertem valores,
distorcem acontecimentos e minam os terrenos. Aposentado, Nelson usava o tempo
de sobra para agradar Lúcia, a enchia de flores e bilhetes românticos, resolvia
pendências da médica muito ocupada pela profissão e aos poucos passou a
controlar os passos e o cartão de crédito dela.
“Olha o sorriso sem graça da minha mãe com o buquê de flores
que o Nelson deu, com certeza foi depois de uma briga”, diz a filha Juliana.
(Foto: Arquivo Pessoal)
Com a desculpa de alimentá-la bem, aparecia no hospital
todas as noites com um prato de comida. Para Lúcia eram sinais de romantismo e
cuidado, para quem via de fora a vigília era clara. “Na verdade ele ia lá pra
ver se ela estava realmente trabalhando e com quem estava dividindo o plantão,
muitas vezes ele ficava lá fora esperando dar a hora de saída dela, sentado na
moto ou no carro. Ele controlava até o celular dela, uma vez ela estava no
plantão e o celular dela indicava que ela estava em um restaurante, ele ligou e
ela disse que estava trabalhando, ele foi até o hospital, entrou gritando e
brigando. No outro dia ele encheu a cama de flores, pétalas em tudo quanto é
lugar”, conta Lucia Francisca Andrade, trabalhadora doméstica da família há 30
anos.
Lucinha como é conhecida testemunhou muitas brigas do casal,
mas segundo ela, nenhuma envolvia agressão física.
“Ele xingava ela, chutava porta, tinha essas crises assim.
Ela tinha muito medo dele. Quando estávamos na rua e ele ligava para ela, ela
se tremia toda e voltava pra casa”, conta.
Durante o relacionamento, muitos elementos confirmavam a
relação abusiva em que Lúcia estava envolvida. Vítima também de violência
patrimonial, a médica não tinha nem poder sobre seu dinheiro, Nelson
justificava o controle dizendo que queria ajudá-la a fazer investimentos. “De
acordo com os relatos das testemunhas, ele vivia a base de distrações como
roupas caras e viagens, que era a maneira da Lúcia fazer com que ele não
causasse problemas”, chama atenção Irigonhe.
Na análise da psicanalista Regina Navarro, as mulheres independentes financeiramente não necessariamente romperam com os padrões patriarcais e muitas ainda dependem emocionalmente de um parceiro romântico para validar a sua existência. “Dizem que o homem teme a mulher independente, eu discordo. O homem machista teme a mulher autônoma, que é a mulher que se libertou dos padrões de comportamento que foram exigidos dela na sociedade. A mulher autônoma é totalmente diferente da mulher que é independente profissionalmente. Tem muita mulher executiva, profissional liberal, que ganha uma fortuna, mas é totalmente subjugada a essas ideias patriarcais, quando entra numa relação amorosa ajusta a sua imagem às exigências do homem”, explica.
Lúcia achava que tinha o controle da situação e relativizava
os fatos, mas a cada motivo inventado por Nelson o cerco se fechava. Episódios
de ciúme excessivo eram frequentes e até a presença dos filhos de Lúcia o
incomodava. “Ela me dizia que ele ficava chato quando íamos visitar, mas que
quando estavam só os dois, ele a tratava muito bem. Era a gente chegar na casa
dela que ele fechava a cara, não conversava muito”, lembra Juliana. E assim era
com amigos e colegas de profissão de Lúcia. Em uma festa de fim de ano do
Conselho Regional de Medicina em Florianópolis, Nelson chegou a agredir um
médico porque ele havia a cumprimentado.
Com tanto desconforto causado pelo aposentado, Lúcia foi se
distanciando cada vez mais da família e amigos. “Quando tinha reunião de
família marcada ele inventava alguma desculpa, dizia que estava doente para
eles não irem. Ela sempre amou fazer festa de aniversário, reunir amigos, mas
ele passou a inventar viagens para os dois comemorarem sozinhos”, conta a
filha. Até quando virou avó, Lúcia tinha que dar explicações por passar tanto
tempo cuidando da neta recém-nascida.
Todas as mulheres da família e amigas desconfiavam do comportamento
de Nelson e tentavam alertar a médica. A filha chegou a mandar reportagens e
textos sobre relações abusivas. “Minha mãe cedia a essa pressão dele para
evitar que ele ficasse furioso, mas ela não conseguia assumir isso pra ninguém.
Todas as vezes que eu falava com ela eu não era impositiva, mas ela se sentia
cobrada pela família. Eu fico pensando, a sociedade tem superado o papo de que
não tem que meter a colher, mas o meu questionamento é: como meter a colher?”,
reflete a servidora.
Para a psicanalista e feminista Manuela Xavier é preciso
cuidado no processo de despertar uma mulher aprisionada.
“É preciso chegar devagar, entender que é um campo de
disputa e que o agressor sempre estará muitos pontos à frente. Não é mostrando
provas que a gente salva uma mulher, é recuperando a autoestima e a confiança
dela. Todas nós fomos ou somos vítimas de um relacionamento abusivo em algum
momento, e é preciso que a gente nunca desista de uma mulher.”
Nos últimos anos, Lúcia parecia estar cansada da prisão em
que vivia, em suas anotações pessoais a médica listou as humilhações que
sofrera de Nelson em uma clara intenção de conseguir enxergar a repetição de
padrão em seu relacionamento. Ela também passou a relatar para amigas próximas
que não aguentava mais.
A vítima anotava na agenda alguns episódios de humilhação
causados por Nelson. (Foto: Reprodução)
Uma semana antes de ser morta, a médica encontrou uma amiga
em Itapema, onde tinha uma casa de veraneio e no qual o casal decidiu ficar
isolado por conta da pandemia. Nelson não quis acompanhá-la, mas a amiga conta
que ela ficou o tempo todo no telefone respondendo às desconfianças dele.
A IMPOTÊNCIA COMO DESCULPA PARA MATAR
Em 20 de março, 4 dias após o decreto estadual de restrições por conta da pandemia, Lúcia foi morta estrangulada por Nelson. De acordo com as investigações, a polícia militar de Itapema recebeu a ligação do genro de Nelson em que comunicava um feminicídio consumado. A PM encontrou o corpo da médica já sem vida na sala do apartamento. Minutos depois o zelador do prédio informou que Nelson havia voltado e estava entrando pela garagem. Ele foi preso em flagrante.
As câmeras de segurança do edifício flagraram o assassino
subindo e descendo pelo elevador no mínimo três vezes carregando pertences
pessoais até o carro do casal. Em depoimento à polícia, Nelson confessou o
crime e relatou a sua versão dos fatos. Entre risos e sem demonstrar nenhuma
emoção, ele contou que Lúcia o xingou e as mãos dele que estavam acariciando o
rosto da vítima, escorregaram para o pescoço e ela caiu desmaiada. Disse ainda
que saiu do local para abastecer o carro e que decidiu voltar para o
apartamento para fazer alguma coisa, como levá-la ao médico se precisasse.
“É uma mentira deslavada, ele tirou a vida dela de forma
cruel, uma pessoa para morrer asfixiada leva pelo menos 5 minutos”, afirma
Irigonhe.
Imagens das câmeras de segurança do prédio mostram Nelson
carregando itens pessoais logo após cometer o feminicídio. (Foto: Reprodução)
Na primeira audiência, antes do acusado ser solto, os filhos
do primeiro casamento de Nelson foram ouvidos e contaram que ele na verdade foi
até a cidade de Gaspar depois de cometer o crime. “Em juízo os filhos falaram
que ele foi até a casa de um deles e que quando contou o que havia feito, os
filhos não deram abrigo, então ele voltou para o apartamento. O intuito de fuga
ficou bastante claro e, mesmo assim, depois dessa audiência o juiz mandou
soltar”, contesta a assistente de acusação.
Para o juiz, Nelson contou outra versão acerca do motivo de
tê-la matado. Segundo o acusado, ele a enforcou porque Lúcia teria o chamado de
brocha como se isso fosse suficiente para matar uma mulher. “Se é verdade o
caso da impotência sexual, vamos imaginar que sim, isso só corrobora para o
sentimento diante do fracasso enquanto “homem”, esse projeto de homem da nossa
sociedade patriarcal – que o homem é viril, é o provedor. Mais um motivo para
trabalharmos as questões que envolvem as masculinidades também e isso pode e
deve ser trabalhado nas escolas. O menino cresce ouvindo que “homem não chora”,
“homem não brocha”, “homem é o provedor”, etc”, enfatiza Ísis.
TEMIDO POR MUITOS, ODIADO POR TODOS
Ireno Nelson Pretzel nasceu em Pinhal Grande, há 300 km da cidade de Porto Alegre. De família humilde, ele foi criado pela avó e passou a infância em Canhemborá, uma vila de colonos que tem como base econômica o plantio de fumo, feijão e milho. De acordo com pessoas que conviveram com ele na época, os pais das outras crianças o viam como uma má companhia. Naquele tempo, ele já se aproximava de pessoas por interesse.
“Na adolescência, ele forçava aproximação com as meninas das
famílias mais abastadas da região. Ele vivia no pé, enchia o saco. Ele sempre
foi temido por muitos e odiado por todos”, conta uma fonte que não quis se
identificar. Lúcia chegou a conhecer os familiares de Nelson em uma viagem que fizeram
pela região.
“Ele a exibia para os conhecidos como um troféu, dizia que
era a doutorinha dele, como se quisesse mostrar que tinha se dado bem na vida”,
relata um morador.
Ao completar 18 anos se mudou para Santa Maria para servir
ao exército no 29° Batalhão de Infantaria Blindado. “Lá ele era conhecido como
o puxa saco dos superiores, tanto é que ele conseguiu se tornar sargento
temporário por causa disso”, relata a fonte. Em 1983, Nelson saiu do exército e
se tornou representante de bebidas da Coca-Cola.
Na época, Nelson morava em uma casa simples na Estância do
Jarau e se relacionava com uma mulher da região chamada Ester. De acordo com
vizinhos, ela estava sempre na casa dele. Um dia a polícia foi chamada para
retirar um corpo da casa de Nelson. Era Ester, morta eletrocutada. Conversei
com moradores da região que relataram ter estranhado o fato na época e contaram
que Nelson teria mentido para a polícia sobre o horário que saiu de casa
naquela semana. A polícia civil de Santa Maria concluiu que a morte foi
acidental.
Casa de Nelson onde supostamente uma namorada morreu
eletrocutada em 1983, na cidade de Santa Maria/RS. (Foto: Google)
Seis meses depois se casou com Rose Miriam Schmitz,
funcionária da mesma empresa em que ele trabalhava. Da união nasceram quatro
filhos, um menino e três meninas. Sem demonstrar nenhuma emoção e com
naturalidade, Nelson contou à esposa o que teria acontecido com Ester.
“Ele falou que jogou um aparelho de barbear ligado na tomada
em cima dessa namorada enquanto ela tomava banho e que saiu para viajar, quando
voltou ela estava morta”, conta uma fonte.
O casamento que durou mais de 20 anos foi recheado de episódios
violentos. Rose era vítima de violência doméstica e chegou a denunciá-lo, mas
acabou desistindo de continuar o processo por medo. “Ele ameaçava, dava pontapé
e tapa na cara dela, tudo isso na frente dos filhos. Ela vivia chorando
humilhada. As filhas tinham muito medo dele, o menino nem tanto porque ele
tinha um tratamento diferenciado por parte do pai”, relatam pessoas próximas de
Rose.
O comportamento violento de Nelson ia além do abuso de
mulheres, ele também maltratava animais. “A filha dele tinha um cachorro e
Nelson pediu para a menina se levantar, mas ela não levantou porque o cachorro
estava no colo dela. Ele pegou o cão, quebrou o pescoço do animal na frente da
garota e jogou dentro de um saco preto”, conta outra fonte que não quis se identificar.
Em 2009, Nelson foi denunciado por maus tratos contra a
filha caçula. Ele foi condenado em 2013, mas pela demora em julgar o caso, o
crime prescreveu e Nelson voltou a ter ficha limpa. Tanto que no caso de
feminicídio de Lúcia ele é tratado como réu primário. “A prescriçao é uma
garantia do cidadão, mas muita gente vê incompatibilidade, mas isso necessita
de um longo debate. Cheguei a pedir para que juntassem os despachos e sentenças
deste processo em que ele foi condenado na base da Lei Maria da Penha, mas o
juiz negou. Isso serviria como prova de reiteração do crime ”, alerta a
assistente de acusação.
Como fez com Rose, Nelson também contou sobre seu passado
logo no início do relacionamento com a médica, entretanto o aposentado dizia
ter mudado. “Minha mãe achava estranho ele não falar com os filhos e nem com a
ex-mulher, mas acreditava que ele realmente tinha mudado, tanto é que ela fez
eles se reaproximarem”, conta Juliana.
De acordo com o código penal, o réu tem direito a cumprir a
pena em prisão domiciliar a partir dos 70 anos. Com esse cenário em que Nelson
se encontra desaparecido, os filhos de Lúcia temem que o processo postergue até
ele ter direito à prisão domiciliar.
“Eu quero que o rosto dele fique conhecido para que seja
capturado logo antes que ele ache a próxima vítima”, afirma a filha.
Para o filho Luiz Carlos, a melhor forma de tentar superar a
violência que matou a mãe é através da conscientização das pessoas. “Muita
gente sofre abuso e acha que tem o controle da situação, mas não é verdade.
Além de buscar justiça e achar o assassino da minha mãe, precisamos orientar as
vítimas de violência doméstica. Busquem ajuda e não tentem resolver o problema
sozinhas”, conclui.
Entrei em contato com o advogado de defesa, mas não obtive
retorno.
SE TIVER NOTÍCIAS SOBRE O PARADEIRO DE IRENO NELSON PRETZEL, LIGUE:
Disque-Denúncia 181
https://catarinas.info/um-feminicida-confesso-a-procura-da-proxima-vitima/
Padre chama Bolsonaro de 'irresponsável' e 'genocida'
durante missa
Revoltado com as atitudes do presidente em meio a pandemia
do COVID-19, padre desabafou com seus fiéis durante missa de domingo (28/02)
NG
Nathalia Galvani*
01/03/2021 12:38 - atualizado 01/03/2021 13:11
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(foto: Redes sociais/Reprodução)
Durante uma missa realizada neste domingo (28/02), o padre
Adalberto Tavares, da Paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe, da cidade de
Guarabira, na Paraíba, acusou o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido),
de ser 'um genocida, alguém que tem prazer em matar e tirar a vida das
pessoas.'
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O motivo da revolta do pároco Adalberto com Bolsonaro seria
a falta de responsabilidade do gestor com as medidas de prevenção do contágio
do coronavírus. Nas últimas semanas, o país sofre com o aumento das taxas de
infectados em diversos estados.
“Esse irresponsável sai no meio da rua sem máscara,
aglomerando, faltando com respeito às leis do Brasil. É um homem sem moral e eu
repito várias vezes se for preciso, sem moral, e sem moral quem vota nele
também, porque a gente precisa ter respeito pela vida dos outros”, afirmou
Adalberto.
Em sermão feito durante a cerimônia, o padre desabafou,
dizendo estar preocupado com a atual situação do país. E alertou seus fiéis
para que sigam as medidas do decreto estadual da Paraíba, de controle do vírus.
Segundo o padre, para que todos permaneçam seguros, é preciso ir na contramão
das atitudes do presidente Bolsonaro.
“A gente tem que respeitar. Nós estamos numa pandemia, não
estamos numa brincadeira. Já basta aquele desorientado do presidente, que não
tem moral. É um imoral. A palavra é essa. É um homem que não tem moral nenhuma.
É um irresponsável. Estou com vontade de dizer outra coisa, mas não vou dizer,
porque é pecado dizer na missa. Mas a vontade é essa. Ele não tem
responsabilidade com a vida de ninguém”, disse o padre.
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam
infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto
em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas
inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se
agravarem, podendo resultar em morte.
Fique sempre bem informado
SIGA O ESTADO DE MINAS NO
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem
apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência,
tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão
para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas.
Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana
conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também
boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram
surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um
nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A
epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de
atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em
infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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a ciência
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voltar para casaAnimais de estimação no ambiente doméstico precisam de atenção
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Tags: #doença #bolsonaro #saúde #epidemia #vírus
#coronavírus #paraíba #padre #pandemia #covid-19 #covid19 #coronavirusbrasil
‘Só os loucos sabem’: morte de Chorão completa oito anos
O vocalista e principal letrista da banda de rock Charlie
Brown Jr. foi encontrado morto no dia 6 de março de 2013
Publicado em 6 de março de 2021 às 12:45
Fonte: D24am. Leia mais em https://d24am.com/plus/musica/so-os-loucos-sabem-morte-de-chorao-completa-oito-anos/
Brasil – Há oito anos, fãs de todo o País choravam pela
notícia da morte de Alexandre Magno Abrão, conhecido mundialmente por Chorão,
da banda de rock brasileiro Charlie Brown Jr.
Foram 20 anos de carreira, dez álbuns, dois Grammys Latinos,
milhões de cópias vendidas e um filme. Uma carreira de sucesso que saiu das
pistas do litoral paulista para o mundo. Tudo encerrado em um fim trágico, com
Chorão morto aos 42 anos em decorrência de uma overdose de cocaína, dependência
química contra a qual ele lutava há anos e que desencadeou uma série de outros
problemas de saúde, como a depressão.
Chorão era amado pela grande maioria dos rockeiros do Brasil
e do mundo (Foto: Divulgação)
O primeiro álbum da banda foi lançado em 1997 e vendeu 500
mil cópias. “Transpiração Contínua Prolongada” abriu as portas do sucesso para
o Charlie Brown Jr., que lançou outros nove antes da tragédia.
Em duas décadas de carreira, Santa Catarina era destino
certo de Chorão, que não passava mais do que um par de meses sem aparecer pelas
cidades catarinenses e presentear os fãs com shows icônicos e, como toda sua
vida, polêmicos.
O último show do Charlie Brown Jr. após o retorno da banda original foi em Balneário Camboriú, no dia 26 de janeiro, para 3 mil pessoas.
Fonte: D24am. Leia mais em https://d24am.com/plus/musica/so-os-loucos-sabem-morte-de-chorao-completa-oito-anos/
Orientado a ficar em isolamento, Bolsonaro foi ao encontro
de manifestantes em Brasília e divulgou imagens de manifestações pró-governo
nas redes sociais
Matheus Lara
15 mar
2020
13h13
| atualizado às 17h01
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe
Santa Cruz, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro atentou contra a democracia
neste domingo, 15, ao promover as manifestações pró-governo em meio à pandemia
de coronavírus no País. "Com requintes de sadismo", completou Santa
Cruz.
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"O pensamento egoísta de quem não se considera no grupo
de risco parece incapaz de ultrapassar o raciocínio mais básico de que ninguém
é uma bolha; e que todos cercamos pessoas para as quais a contaminação pode,
sim, representar mais que uma gripe qualquer", afirmou. "As renúncias
que este momento exige são uma demonstração de compromisso com o
coletivo".
compromisso com o coletivo".
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Orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o
coronavírus, Bolsonaro cumprimentou apoiadores que se manifestavam no Palácio
do Planalto. O presidente chegou a usar o telefone celular de algumas pessoas
para tirar selfies ao lado delas, além de cumprimentá-las com as mãos abertas.
Em alguns momentos, chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos.
Além de participar do ato em Brasília, Bolsonaro passou o
dia compartilhando vídeos e fotos sobre as manifestações no Twitter. Em uma
delas, era possível ler faixas 'Fora Maia', em referência ao presidente da
Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), 'Fora STF' e 'SOS Forças Armadas'. Bolsonaro
identificava a imagem como sendo de Maceió, Alagoas. A foto foi apagada da
conta de Bolsonaro.
Santa Cruz escreveu que a promoção dos atos por parte de Bolsonaro "dolosamente aumenta o risco de um pico de contágio pelo coronavírus". "Em um momento de união e prudência, todas as instituições estão se reunindo para suspender eventos, encontros e reuniões, cujas importâncias ficam absolutamente relativizadas diante do interesse maior de proteger nossa população e nosso sistema de saúde".
Bolsonaro x Santa Cruz
Bolsonaro e Santa cruz têm um histórico longo de desavenças. Tudo
Bolsonaro x Santa Cruz
Bolsonaro e Santa cruz têm um histórico longo de desavenças.
Tudo começou em 2011, quando o então deputado federal afirmou em palestra na
Universidade Federal Fluminense (UFF) que Fernando Santa Cruz, pai do atual
presidente da OAB, teria morrido "bêbado" após pular o carnaval.
Militante do grupo "Ação Popular", Fernando foi preso pelo governo em
1974 e nunca mais foi visto.
À frente da OAB-Rio, Felipe iniciou movimento em 2016 para
pedir ao Supremo Tribunal Federal a cassação do mandato de deputado federal de
Jair Bolsonaro por "apologia à tortura". Ao votar pelo impeachment de
Dilma Rousseff, o então parlamentar fez uma homenagem a Carlos Brilhante Ustra,
que comandou o DOI-Codi de São Paulo, centro de tortura durante a ditadura.
No ano passado, já presidente, Bolsonaro falou que poderia
"contar a verdade" sobre como o pai de Felipe Santa Cruz desapareceu
na ditadura militar.
"Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade", disse. Bolsonaro questionava a atuação da OAB ao falar das investigações sobre Adélio Bispo, responsável pela facada contra o presidente em 2018. Adélio foi considerado inimputável pela Justiça por transtorno mental. O presidente não recorreu.
Em resposta na época, Santa Cruz afirmou que as declarações
de Bolsonaro demonstravam "crueldade e falta de empatia".
"Lamentavelmente, temos um presidente que trata a perda de um pai como se
fosse assunto corriqueiro - e debocha do assassinato de um jovem aos 26
anos", diz.
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