quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Polícia investiga áudios com ofensas a nordestinos que seriam de servidoras, em Cachoeira Alta

 Um inquérito já foi instaurado para investigar o caso

Ofensas teriam sido enviadas em um grupo de Whatsapp de moradores da cidade (Foto: Reprodução)

*Atualizada em 4/10 às 16h28

Ton Paulo



A Polícia Civil investiga áudios enviados em um grupo de moradores de Cachoeira Alta com ofensas a nordestinos e nortistas, após o resultado das eleições do 1º turno para presidente. Nos áudios, duas mulheres chamam nordestinos de “comedores de calango” e dizem que os estados da região deveriam ser “explodidos”. Em nota, a Prefeitura de Cachoeira Alta afirmou que os áudios partiram de uma servidora do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e de uma prestadora de serviços credenciada do Município, que já foi desligada. 
Os áudios teriam sido enviados logo após o resultado do 1º turno, em que o candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva teve vantagem de 6 milhões de votos contra o candidato Jair Bolsonaro, indo ambos para o 2º turno. 

Em um dos áudios, a mulher ataca nortistas e se refere a eles como “filhos da p*ta”. “A Cachoeira deu essa vergonha de voto pro Lula porque a Cachoeira, daqui 10 anos, não tem cachoeiraltense mais. A gente vai ser a minoria aqui, negócio de 15 a 20 por cento. Porque a Cachoeira está cheia desses nortistas filhos da p*ta, que estão lá comendo calango no sol do meio-dia e vêm pra cá andar de carro, desfrutar da nossa estrutura”, diz. 

"Vou te falar um negócio, esses comedores de calango tinham que voltar pra lá [para o Nordeste]. Vêm atrapalhar a gente. Tinha que mandar explodir aquela bost* daquela parte do Nordeste lá, povo vagabundo que quer ficando vivendo de Bolsa Família. Cambada de preguiçoso”, continua.

Em resposta, outra mulher afirma: "Neguim vem pra cá, eles não transferem nem o cartão do SUS. Eles vêm pra cá pra vir “rancar” empreso de um ou outro aqui da cidade".


Polícia investiga 


O caso foi denunciado junto à Polícia Civil, que investiga o teor e a autoria dos áudios. 


Segundo o delegado Márcio Marques, um inquérito foi instaurado para apurar o suposto crime de racismo que “teria sido praticado por alguns integrantes de um grupo de Whatsapp formado por moradores da cidade.” 


“A motivação do crime teria sido por intolerância política após o resultado das eleições presidenciais ocorridas no último domingo”, detalhou o delegado, que destacou que, caso as mulheres sejam consideradas culpadas, podem pegar até cinco anos de prisão. 


O que dizem a prefeitura e o MP-GO 


Em nota enviada ao POPULAR nesta terça-feira (4), a Prefeitura de Cachoeira Alta declarou que “não coaduna com a intolerância e tampouco com o preconceito” e que já providenciou o desligamento da prestadora de serviços. 


Veja abaixo: 


“Sobre o caso em comento, o Município de Cachoeira Alta emitiu Nota de Repúdio, disponível no site oficial da Prefeitura, a qual pode ser acessada pelo senhor e equipe. Foi apurado até o momento que, nas Eleições Gerais de domingo (2), uma servidora do Ministério Público do Estado de Goiás e uma prestadora de serviços credenciada do Município proferiram palavras de cunho racista, xenofóbico e intolerante, em razão do resultado das apurações da votação. 


A Prefeitura de Cachoeira Alta repudia qualquer tipo de discriminação, seja por raça, gênero, orientação sexual, religião, ideologia, origem étnica ou diversidade funcional, por acreditar que o Município é um lugar de todos e para todos, sendo que a gestão municipal trabalha, diariamente, na implementação de políticas públicas de inclusão. Por este motivo, foi providenciado o desligamento da prestadora de serviços. 


A Prefeitura reforça que não coaduna com a intolerância e tampouco com o preconceito. Nossa equipe se pauta sempre nos princípios da igualdade, da fraternidade e da vida digna. E atitudes racistas ou de qualquer outra natureza discriminatória não são bem vindas e devem ser punidas dentro da lei. 


É o que temos a relatar pelo momento e nos colocamos à disposição para futuros novos esclarecimentos.” 


Já a Corregedoria-Geral do Ministério Público de Goiás informou que “tomou conhecimento do fato e vai apurar a conduta da servidora disciplinarmente.” 


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