Uma testemunha relatou à Polícia Militar que a vítima tinha sido ameaçada pelo suspeito após expulsar o homem do hotel
Por NATÁLIA OLIVEIRA E HELLEN MALTA | SIGA PELO TWITTER @OTEMPO
Crime ocorreu após confusão em hotel na rua Guaicurus
Um mulher de 41 anos foi assassinada a facadas na rua dos Guaicurus, no centro de Belo Horizonte, na noite deste sábado (17). Kelly Lopes Soares era gerente de um hotel de prostituição que funciona na Guaicurus e a suspeita é que ela tenha sido assassinada por um cliente do local, de 53 anos. Ele foi perseguido e espancado por populares.
De acordo com a Polícia Militar, durante um patrulhamento na região foi noticiado sobre uma mulher esfaqueada em frente ao número 526 da rua Guaicurus. Ao chegar no local, a polícia foi informada que a vítima tinha sido socorrida por um taxista até o hospital Odilon Behrens, no bairro São Cristóvão, na região Noroeste de Belo Horizonte.
Testemunhas informaram que o suspeito foi perseguido por pessoas que estavam na região e espancado com paus e pedras. Ele foi encontrado ainda no centro da cidade caído no chão com um pedaço de madeira cravado na cabeça e também foi socorrido ao Odilon Behrens.
Segundo a Polícia Militar, uma testemunha contou que, por volta de 22h, viu a mulher discutindo com o suspeito e que ele sacou uma arma e começou a esfaquear as costas e o tórax dela. A vítima começou a gritar por socorro e testemunhas começaram a agredir e perseguiram o suspeito.
Kelly foi levada até o hospital ainda com vida, mas a médica que a atendeu relatou aos militares que as facadas perfuraram o pulmão da vítima, sendo que ela teve uma parada cardiorrespiratória e morreu.
Um ex-namorado de Kelly compareceu ao hospital e informou que ela tinha discutido com um cliente horas antes do crime. Ela tinha expulsado o homem do hotel e ele não gostou. O suspeito, segundo a testemunha, saiu do local dizendo que aquilo "não ficaria assim" e que ele voltaria ao hotel.
Segundo os militares, próximo ao local da ocorrência há câmeras de segurança e as imagens podem ser utilizadas posteriormente nas investigações. A perícia da Polícia Civil realizou os trabalhos no local do crime.
O suspeito permanece internado no hospital em estado grave, mas estável, segundo a polícia. Ele está na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) entubado e ficou sob escolta policial. A ocorrência foi encaminhada para a Polícia Civil para investigações.
Suspeito frequentava hotel
Uma prima da vítima, que também trabalha no hotel da rua Guaicurus, contou para a reportagem que o homem que esfaqueou Kelly já frequentou o hotel outras vezes e que, ontem a tarde, após pagar R$ 100,00 por um programa para umas das garotas que trabalham no local, conhecida como Gisele, houve uma confusão porque a garota de programa disse que ele teria que pagar R$ 250,00.
“A menina arrumou confusão com ele, reclamou e disse que o programa era R$ 250. Ele saiu do hotel para buscar o restante do dinheiro, pagou a Gisele e ficou no bar bebendo e foi embora por volta das 17h. Mas, me disseram que lá no bar ele disse que iria pegar a Gisele ou a Dandara (Kelly). Quando foi 21h, ele pegou minha prima e esfaqueou ela com 20 facadas”, disse Ilda Pires dos Santos, de 40 anos.
Kelly trabalhava há seis anos como gerente do local e, segundo Ilda, a filha mais velha da mulher e a família estão vindo do Rio de Janeiro para o velório e o sepultamento que será realizado em um cemitério da capital mineira.
Vítima deixou três filhos
A gerente do hotel assasinada é em ex-prostituta e deixou três filhos. De acordo com Cida Vieira, presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), a vítima era conhecida como Dandara. Ela veio do Rio de Janeiro e deixou uma filha de 22 anos, que mora na cidade carioca, e dois meninos gêmeos, de 2 anos de idade.
"A violência contra a mulher aumenta cada dia mais. É mais uma perda. Em questão da trabalhadora do sexo, a violação dos Direitos Humanos é muito forte, principalmente em questão de serviços em direitos. A violência ocorre e as pessoas só ficam sabendo quando a vítima vai a óbito, como foi neste caso. Se houvesse realmente uma legislação que acolhesse as trabalhadoras sexuais. Cadê a lei que protege e ampara as trabalhadoras sexuais? Não há sequer um decreto para esse público específico", reclama Cida.
Segundo ela, o crime ocorreu em um horário em que o hotel está fechando, já que as atividades são encerradas por volta de 23h. Ela acredita que por isso havia muita gente nas ruas que foram atrás do agressor.
Gerente de hotel de prostituição é morta por cliente na rua dos Guaicurus, em BH | O TEMPO
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