12/jul/21 - 16h57
Efeito estufa – Não é só o Datafolha que revela o derretimento do capital político de Jair Bolsonaro. Outras pesquisas divulgadas na semana passada constatam o mesmo.
Na quinta-feira, dia 8, a revista Exame e o instituto Idea também publicaram os mais recentes resultados do levantamento que têm feito mensalmente. Nada menos que 57% dos entrevistados avaliam como ruim ou péssimo o governo Bolsonaro. Os mesmos 57% disseram que o antipresidente não merece ser reeleito no ano que vem.
Ainda na quinta-feira, outra pesquisa de frequência mensal foi divulgada, a do banco XP e do instituto Ipespe. Nesse caso, 52% disseram que avaliam o governo como ruim ou péssimo – mantendo tendência de alta que já se observava.
Das três pesquisas, a do Datafolha foi, na verdade, a que apurou a menor reprovação ao governo: 51%.
Programas assistenciais e retomada econômica nos próximos meses podem alterar esses índices para melhor? Talvez. Mas a esta altura já se consolidaram as ideias de que Bolsonaro apostou com a vida dos brasileiros na pandemia e que toda aquela conversa sobre ter alergia à corrupção era apenas… conversa.
Não é por acaso que o antipresidente anda tão destemperado. As probabilidades já são francamente contrárias a um segundo mandato para Jair Bolsonaro.
Vai, Pacheco – Critico bastante os presidentes da Câmara e do Senado, mas agora é preciso aplaudir um deles. O senador Rodrigo Pacheco desta vez não se fez de sonso e reagiu à declaração de Jair Bolsonaro de que, sem voto impresso, pode não haver eleições em 2022.
Ele disse na sexta-feira que a realização de eleições nos prazos constitucionais é inegociável e que o Congresso não vai permitir que aconteçam retrocessos. Fez isso com o mesmo jeito manso de sempre, mas a mensagem foi contundente.
E doeu no destinatário. Bolsonaro fez circular neste fim de semana a informação que ficou irritado com a fala de Pacheco. Pois que morda os dedos de raiva: ele fez uma ameaça de golpe e o presidente do Senado reagiu da maneira necessária.
Esperemos que Pacheco tenha descoberto definitivamente que moderação política não é sinônimo de complacência com quem não gosta da democracia.
Enquanto isso, na Câmara – Arthur Lira continua cínico. Foi o último ocupante de uma cadeira importante na República a se manifestar contra a fala golpista de Bolsonaro e o fez sem demonstrar a mínima convicção. Até a frase que ele usou no sábado é bizarra: “A presidência da Câmara não tem compromisso com nenhum tipo de ruptura política, institucional, democrática.” Tal seria se tivesse!
Pouco depois de bater dessa maneira no peito murcho, Lira afirmou que não vê ambiente para um processo de impeachment. Alguns argumentos plausíveis podem ser mobilizados em favor dessa tese. Mais de 20% dos eleitores, na média das pesquisas mencionadas neste texto, ainda aprovam o governo Bolsonaro, ao passo que quando o impeachment de Dilma Rousseff começou, esse número era menor que 10%.
Além disso, como disse o próprio Lira, há dúvidas se esquerda quer de fato o impeachment, pois, para as pretensões eleitorais de Lula, deixar o presidente sangrar até 2022 é bom negócio.
Mas não creio que Lira, que é um cínico, seja movido por mera “análise política”. Um processo de impedimento tornaria mais difícil para o presidente da Câmara tirar o máximo de vantagens do cargo que ocupa – e ele sabe disso. Para Lira, é bom que o governo vá até o fim.
Que permaneçam, então, abraçados – ele e Bolsonaro. Até o fim do governo e, com sorte, depois disso, na proverbial lata de lixo da história.
Não é só o Datafolha: Bolsonaro afunda em várias pesquisas - ISTOÉ
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