quinta-feira, 1 de julho de 2021

6 recursos gratuitos para quem quer aprender mandarim

6 recursos gratuitos para quem quer aprender mandarim

Com a crescente relevância da China no cenário geopolítico, aprender mandarim vem se tornando uma boa oportunidade para se diferenciar no mercado de trabalho. E para quem quer estudar fora, a China, que conta com algumas das melhores universidades do mundo, também se consolidou como um destino que não pode ser ignorado.

Mesmo assim, ainda há bem menos recursos gratuitos para aprender mandarim do que para aprender inglês, por exemplo. O idioma chinês também está menos presente no nosso dia a dia do que a língua de Shakespeare, e tem diferenças linguísticas consideráveis na comparação com o português. Ele usa ideogramas em vez de um alfabeto, e é uma língua tonal, o que significa que a entonação das sílabas pode alterar o seu sentido.

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Mas se isso lhe der a impressão de que aprender mandarim é muito difícil, demorado ou caro, não se assuste! Assim como qualquer outro idioma, o estudo da língua padrão chinesa exige disciplina e dedicação, mas é bastante recompensador. E usando os recursos certos para te ajudar, aprender mandarim pode ser mais fácil e divertido do que você imagina!

Por isso, selecionamos abaixo cinco recursos para te ajudar a aprender mandarim. Confira:

Recursos gratuitos para aprender mandarim

Chineasy

Disponível para Android e iOS, o Chineasy é um aplicativo de estudo de idiomas voltado especialmente para quem quer aprender mandarim e ainda não sabe nada do idioma. Ele usa desenhos fofinhos para ajudar o estudante a memorizar o significado de alguns dos principais ideogramas, e oferece uma séride de jogos por meio dos quais os usuários podem praticar a língua.

Além de ajudar a reconhecer algumas das principais palavras na língua, o app também tem um recurso de reconhecimento de fala que permite que você treine a sua pronúncia. O aplicativo oferece também uma modalidade premium, na qual o usuário precisa pagar num modelo de assinatura, mas a versão gratuita já tem recursos suficientes para você começar.

Pula Muralha

Brasileiros interessados em aprender mandarim precisam conhecer o Pula Muralha, o maior canal do YouTube dedicado ao ensino do idioma da China para brasileiros. Criado pela Si Liao (ou Si Si, para os conhecedores), chinesa radicada no Brasil, ele não fica só no ensino da língua, mas também fala sobre as diferenças culturais entre o Brasil e a China — por exemplo, você sabia que as privadas de banheiros públicos na China muitas vezes são diferentes das que existem no ocidente?

Mas há também vídeos dedicados a questões mais focadas na língua, e que são uma ótima introdução para quem ainda está dando os primeiros passos no mandarim. Além de ser uma boa ferramenta de aprendizado do idioma, o Pula Muralha também acaba sendo uma excelente janela para brasileiros a uma cultura que, embora esteja cada vez mais presente no mundo, ainda é distante da nossa realidade e, por isso, acaba frequentemente sendo mal representada.

Memrise

O Memrise é um app semelhante ao Duolingo (que aliás também permite aprender mandarim de graça), mas ele também tem um site por meio do qual é possível estudar online. Suas aulas misturam perguntas de identificação de ideogramas com compreensão auditiva. Algumas delas até trazem vídeos curtinhos de falantes nativos e pedem que você identifique o que eles estão falando (e essas vão desde palavras bem simples até frases mais complexas).

Mas se você quiser, também pode baixar o aplicativo no celular e continuar estudando por lá do mesmo ponto em que parou. Ele tem um controle que permite desativar perguntas de áudio, o que é bem útil caso você esteja sem fone de ouvido em algum lugar público. E também tem alguns recursos de interação social por meio dos quais você pode comparar o seu aprendizado com o de outros amigos que usem o app.

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Skritter

Aprender a identificar ideogramas, pronunciar palavras e entender o que as pessoas estão falando em mandarim é importante. Mas e se você quiser treinar para escrever os caracteres chineses você mesmo? Nesse caso, um aplicativo como o Skritter vai ser muito útil. Ele funciona, aliás, tanto para quem quer aprender mandarim quanto para quem estuda japonês, uma vez que os ideogramas são os mesmos, ainda que com significados diferentes.

Além de aulas incluídas no próprio aplicativo, ele permite que o estudante treine a escrita dos caracteres usando o dedo para desenhar na tela do celular. Uma vez que essa técnica é necessária para quem pretende fazer os exames de proficiência de mandarim da HKS, ele também permite que você treine com exercícios tirados diretamente de exames passados. E para quem tem um bom conhecimento de inglês, a empresa por trás do app também tem um canal bem interessante no YouTube.

Mandarin Bean

Para aproveitar o Mandarin Bean, você precisa saber pelo menos um pouco de inglês. Afinal, o site todo está escrito nesse idioma. Mas mesmo com um pouquinho de conhecimento da língua, você ganha acesso a uma montanha de recursos úteis para aprender mandarim. Isso porque o site existe desde os anos 2000, agregando aulas, vídeos, podcasts e outras ferramentas para quem estuda a língua.

As aulas para iniciantes são particularmente interessantes porque focam na sonoridade do idioma. Elas são compostas por textos em chinês, acompanhados por sua transliteração, e por um áudio em ritmo bem lento. Com isso, fica fácil perceber a entonação de cada sílaba. E o site também permite filtrar as aulas de acordo com os diferentes níveis de proficiência do exame HKS.

LingoDeer

O LingoDeer também está em inglês, mas é um aplicativo de idiomas especializado em línguas asiáticas. Menos popular que o Duolingo, ele se diferencia por fornecer um pouco mais de detalhes teóricos sobre as línguas. Ele também gira em torno de exercícios práticos, mas disponibiliza textos mais aprofundados sobre gramática, sintaxe e vocabulários trabalhados na prática.

Outro recurso interessante que ele oferece são os “Stories”. Trata-se de aulas especiais que desenvolvem uma espécie de narrativa, com personagens e situações engraçadas. O estudante deve completar a história na língua em que está estudando, o que ajuda a contextualizar melhor o aprendizado.

wildiner editado china

Vale a pena aprender? Brasileiro que estudou na China responde

“Sempre que me perguntam se vale a pena ou não estudar mandarim, me lembro de uma passagem sobre Confúcio, o maior filósofo chinês:

“Certo dia, um discípulo perguntou a Confúcio: “Mestre, caso eu acredite que algo é certo, eu devo fazer imediatamente ou devo consultar alguém primeiro?”. O mestre sem hesitação respondeu “Claro que você deve fazer imediatamente”. No dia seguinte, outro discípulo lhe fez a mesma pergunta: “Mestre, caso eu acredite que algo é certo eu devo fazer imediatamente ou devo consultar alguém primeiro?”. Novamente sem hesitar, o mestre respondeu: “Claro que você deve primeiro consultar alguém, pois existem pessoas mais experientes e sábias que podem ajudá-lo”.

“Um terceiro discípulo que presenciou os dois acontecimentos não compreendeu: “Mestre, como pode uma mesma pergunta ter respostas diferentes?”. Confúcio prontamente explicou: “Ao primeiro discípulo falta autoconfiança e sobra hesitação, então ele precisa de incentivo à ação. Ao segundo, sobra autoconfiança e falta ponderação, então ele precisa ser incentivado à reflexão”.

Além dos benefícios profissionais que pode trazer, o mandarim também abre portas para a cultura e história riquíssimas de uma civilização de mais de 5000 anos

“A moral da história é que pessoas e situações diferentes requerem respostas e ações diferentes. Seguindo este ensinamento, em alguns casos eu incentivo e em outros desencorajo o estudo do mandarim.

Quando vale a pena?

“A regra que adoto é basicamente pesar o custo de oportunidade baseado nos interesses e objetivos de cada pessoa. Afinal, o tempo despendido estudando mandarim é tempo que não está sendo gasto com estudo de cálculo II ou value-investing, com preparação do GMAT ou com trabalho, por exemplo. Por isso, é importante ponderar o que é mais importante e priorizar.

“Como regra geral, as vantagens de aprender mandarim para alguém em um estágio mais avançado na carreira são pequenas. Exceções são pessoas que trabalhem (ou almejem trabalhar) em um setor, empresa ou posição em que isso seja um diferencial, ou pessoas que queiram estudar por hobby ou interesse pela cultura chinesa.

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“Já para quem está no começo da carreira ou na faculdade (digamos entre 18 e 35 anos), acredito que aprender mandarim faça muito sentido. Pela situação do mercado no Brasil, com o desemprego crescendo e a expectativa de melhora em apenas três anos ou mais, a língua pode ser um diferencial que vale muito a pena.

“Por exemplo: um amigo meu, que veio para a China também pelo Ciência sem Fronteiras (CsF) e já voltou para o Brasil, hoje está empregado e feliz em uma empresa chinesa, além de já ter recebido convites de outras empresas do país com operações no Brasil. Também é interessante, nessa fase, considerar a importância de conhecer a língua para quem deseja ter uma carreira internacional.

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“Agora chegamos à idade na qual eu acredito que aprender mandarim seja extremamente interessante: para quem ainda está no ensino fundamental e médio, crianças e adolescentes até 18 anos. Geralmente, nessa fase da vida os compromissos são pequenos e se tem mais tempo livre para dedicar-se ao estudo de uma língua estrangeira.

“Cabe lembrar que uma vez adquirida fluência na língua, os ganhos de longo prazo se mostram significativos, com desenvolvimento da memória e do raciocínio lógico (confiram mais sobre isto na matéria “What is a foreign language worth”). Mas além dos benefícios profissionais que pode trazer, o mandarim também abre portas para a cultura e história riquíssimas de uma civilização de mais de 5000 anos.

“O conhecimento de uma terceira língua, por si só, já é um plus; o mais importante e incontestável em relação ao mandarim e à China é sua influência crescente no cenário global. O investidor americano Stephen Schwarzman, que está à frente da iniciativa impressionante Schwarzman Scholars, resumiu muito bem ao afirmar: “No século 21 a China já não é uma disciplina eletiva; ela é parte do currículo obrigatório”.

“De Wall Street ao micro-empreendedor que faz calçados em Franca; do mercado de commodities à alta tecnologia, a influência chinesa é enorme e deve se acentuar cada vez mais no decorrer deste século. Assim, o entendimento de como a China se vê e como ela vê o mundo, e de como funcionam a sociedade e política chinesas devem ter grande valor.”


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Wildiner Batista estudou Engenharia Civil na Unicamp e fez intercâmbio de 2 anos na China pelo Ciência sem Fronteiras (CsF). No primeiro ano, ele estudou mandarim em Wuhan; no segundo, estudou na Universidade Tsinghua, que é considerada a melhor universidade dos BRICS (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

*Foto: Wildiner na Universidade Tsinghua, em Pequim. / Crédito: arquivo pessoal

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