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Depois que a contaminação de alimentos se tornou a principal forma de transmissão da doença de Chagas no Brasil, muitas pesquisas passaram a ter como alvo esse tipo de infecção. No entanto, o protocolo mais usado nos estudos de infecção oral realizados com animais pode estar longe de reproduzir o que ocorre no corpo humano – pelo menos, mais longe do que os cientistas acreditavam até agora. Liderado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), um artigo pioneiro publicado na revista internacional Plos Neglected Tropical Diseases aponta que a inoculação de parasitos diretamente no estômago de camundongos – usados como modelo para o estudo da infecção – tem um resultado muito diferente da ingestão dos patógenos pela boca.
Quando os parasitos entram pela cavidade oral, a doença é muito mais grave. O fato de que a via de infecção pode alterar a intensidade e as manifestações da doença de Chagas já é alvo de debate entre os cientistas há algum tempo. A forma clássica de transmissão do agravo ocorre através de um inseto conhecido como barbeiro, que é infectado pelo parasito Trypanosoma cruzi ao sugar o sangue de pessoas ou animais doentes.
O barbeiro contaminado propaga a infecção da seguinte forma: ao picar um novo indivíduo, ele defeca e elimina parasitos nas fezes. Estes patógenos entram na corrente sanguínea das pessoas quando elas coçam a picada e acabam promovendo o contato das fezes do barbeiro com a área ferida da pele. Por décadas, foi desta forma que a doença de Chagas se espalhou no Brasil. Apenas nos anos 1970, ações de controle como o uso de inseticidas e a melhoria das condições habitacionais conseguiram interromper este ciclo.
No entanto, nos últimos anos, o país passou a registrar surtos de quadros agudos de Chagas em diferentes estados, principalmente na região amazônica. A importância da transmissão oral da infecção foi constatada nestas situações. Destacado na mídia, o consumo de sucos batidos, como o de açaí, ou do caldo de cana foi identificado em diversos casos como origem da doença, porque barbeiros são triturados acidentalmente junto com as bebidas. O mesmo se passa com diferentes frutos populares na Amazônia. Além disso, animais silvestres doentes podem transmitir o parasito para pessoas que comem carne de caça.
Hoje, mais de 70% dos casos agudos de doença de Chagas no Brasil são resultado da transmissão alimentar, e esse novo padrão vem se refletindo na apresentação clínica do agravo. Artigos científicos recentes relatam que os pacientes infectados pela via oral desenvolvem quadros mais graves logo após a infecção, com sintomas como edema de face, hemorragia e dor abdominal, além do comprometimento do coração, que também ocorre na forma clássica da doença.
Após os resultados do trabalho, novos experimentos estão em andamento no Laboratório de Pesquisa sobre o Timo do IOC com objetivo de investigar por que as vias de infecção oral e gástrica resultam em quadros tão diversos da doença de Chagas nos modelos animais. Para os cientistas, uma das hipóteses é que o local inicial do contato com o parasito possa influenciar no tipo de resposta imunológica desencadeada no organismo e, consequentemente, na evolução da enfermidade.
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FONTE: Agência Fiocruz de Notícias
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