Entre os bilionários convidados do presidente, que relataram
à imprensa que o otimismo tomou conta do encontro. alguns acumulam processos,
denúncias e dívidas gigantescas com a União
Por Redação RBA
Publicado 08/04/2021 - 18h07
Alan Santos/PR
São Paulo – Para tentar reverter a erosão de sua imagem
perante a elite do empresariado brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro decidiu
participar de um jantar com empresários na quarta-feira (7), em São Paulo. Ao
lado de ministros como Paulo Guedes (Economia) e Marcelo Queiroga (Saúde), o
presidente discutiu a política de vacinação do governo contra o coronavírus. O
jantar aconteceu na mansão de Washington Cinel, dono da empresa de segurança
Gocil, regado a champanhe francês Veuve Clicquot. A casa fica no Jardim
América, bairro nobre da capital paulista.
Convidados ouvidos pela imprensa na saída do local relataram
que Bolsonaro foi ovacionado pelos empresários e que o otimismo tomou conta do
evento. O presidente criticou governadores e chegou a usar o termo
“vagabundos”. Um dos seus alvos foi o tucano João Doria, governador de São
Paulo.
Bolsonaro e empresários ‘parecem não se importar’ com 341
mil mortos, diz Lula
Alguns dos convivas do ex-capitão apoiaram sua candidatura
em 2018. Caso de Rubens Ometto, da Cosan, que foi o principal doador individual
de Bolsonaro naquelas eleições. Mas não só. Subsidiárias Cosan já foram
condenadas por desmatamento e trabalho escravo. O empresário responde a uma
ação proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) de reparação ao povo
Xavante por violações de direitos humanos. Uma de suas principais empresas, a
Raízen Energia, deve à União R$ 433 milhões em impostos e tributos
Outro que esteve presente foi André Esteves, dono do BTG Pactual, banco em que foi sócio do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele chegou a passar 23 dias preso, sob suspeita de tentar obstruir investigações da Operação Lava Jato. O banco tem faturado alto com Guedes ministro. Em julho do ano passado, o então líder do PT na Câmara, Enio Verri (PR), protocolou requerimento de informações para que Guedes esclarecesse detalhes da venda de uma carteira de créditos do Banco do Brasil a um fundo administrado pelo BTG Pactual. Foi a primeira vez que o Banco do Brasil fez uma transação dessa natureza com uma empresa fora do seu conglomerado. O impacto financeiro da operação ao banco público foi calculado em R$ 371 milhões. O caso ainda não foi esclarecido.
Bolsonaro xinga Doria em jantar com empresários ...
Sonegação e exploração
André Saraiva, dono da rede de fast food Habib’s, também
estava entre os entusiasmados convidados de Bolsonaro. A empresa é alvo de
inúmeras reclamações trabalhistas, já foi investigada por sonegação fiscal e
precisou fazer acordos financeiros de até R$ 6,4 milhões com o Ministério
Público para evitar processos judiciais.
No Brasil de Fato: Quem é Washington Cinel, bilionário
ruralista, ex-PM e anfitrião de Bolsonaro
O convescote entre empresários e Bolsonaro teve ainda a
presença de Flávio Rocha, dono da rede de roupas Riachuelo. Uma de suas
fábricas foi condenada pela Justiça do Trabalho por submeter funcionários a
longas jornadas em troca de salários abaixo do mínimo. O processo foi repleto
de relatos de abusos físicos e psicológicos cometidos pelos gestores contra os
trabalhadores. Rocha já foi foi deputado federal por dois mandatos
consecutivos, de 1987 a 1995. Em 1994, foi flagrado no esquema de corrupção
conhecido como Escândalo dos Bônus Eleitorais.
Confira a lista dos empresários presentes ao jantar com
Bolsonaro:
André Esteves – CEO do banco BTG
Alberto Leite – CEO da FS Security, empresa de segurança
digital
Alberto Saraiva – Fundador e CEO do Habib’s
Candido Pinheiro – Proprietário e CEO da Hapvida,
especializada em planos de saúde
Paulo Skaf – Presidente da Fiesp
Ricardo Faria – Proprietário da produtora de ovos Granja
Faria
Ricardo Mello Araújo – Presidente da Ceagesp
Rubens Ometto – CEO da empresa de infraestrutura e energia
Cosan
Rubens Menin – Presidente da construtora MRV, proprietário
da CNN Brasil e do Banco Inter
Tutinha Carvalho – Proprietário e presidente da rede Jovem
Pan
Washington Cinel – Fundador e presidente da companhia de
segurança privada Gocil
Carlos Sanchez – CEO da farmacéutica EMS
Claudio Lottenberg – Presidente do conselho do Hospital
Albert Einstein e conselheiro da Confederação Israelita do Brasil
David Safra – Proprietário e CEO do Banco Safra
Flavio Rocha – Dono das lojas Riachuelo
Luiz Carlos Trabuco – Presidente do banco Bradesco
João Camargo – Presidente do Grupo Alpha de Comunicação
Jose Isaac Peres – Presidente da Multiplan, uma das maiores
empresas de shoppings do país
José Roberto Maciel – CEO do SBT
Com informações da CartaCapital – Redação: Fábio M Michel
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Médicos divulgam manifesto por reincorporação ao programa e contratação. “Governo genocida vem trucidando essa mão de obra para que as pessoas continuem vulneráveis, precisando de um médico”, denunciam
Por Redação RBA
Programa Mais Médicos levou mais de 18 mil profissionais aos municípios, mas há mais um ano não abre edital de contratação
São Paulo – Em meio à pandemia do novo coronavírus, que já vitimou 233.520 pessoas, o Brasil atravessa a maior crise sanitária do último século com ao menos 15 mil médicos desempregados. Entre eles, 8.316 profissionais que perderam o emprego após os sucessivos desmontes do programa federal Mais Médicos nos governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro.
Sem trabalho, mesmo diante da demanda emergente, os milhares de profissionais divulgam manifesto cobrando a reincorporação de médicos brasileiros ao Mais Médicos e a imediata abertura de edital aos recém formados aptos a aderir ao programa. De acordo com os profissionais, há mais de um ano o governo federal não abre processo de contratação pelo Mais Médicos. O que coloca “em estado de inércia os recém formados no exterior”, que, segundo o documento, também não podem “realizar provas de revalidação de diplomas como prevê nossa constituição desde o ano 2017”.
Criado em 2013, no governo de Dilma Rousseff, o programa Mais Médicos levou mais de 18 mil profissionais para os municípios do interior e periferias das grandes cidades do país. No entanto, a partir de 2016, com o impeachment da ex-presidenta, a iniciativa passou a ser gradativamente desmontada pelo governo Temer. Um ano depois, o número de médicos já era inferior a 16 mil e atendia menos de 3.800 municípios.
O boicote de Bolsonaro ao Mais Médicos
Sob Bolsonaro, o país ainda perdeu mais de 8 mil médicos cubanos. O programa também passou a ser alvo de ataques do governo, que também vetou o processo de revalidação de diplomas nas universidades privadas, deixando parte da população sem assistência médica.
De acordo com o especialista em Saúde da Família pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Edson Medeiros, todo esse desmonte está diretamente associado a uma “xenofobia desnecessária”, assim como a uma “questão de reserva de mercado”, que leva em conta os interesses de associações médicas. Segundo ele, o Conselho Federal de Medicina (CFM) se empenha hoje, juridicamente, para impedir que as universidades federais façam o processo de revalidação.
Graduado pela Escola Latina Americana de Medicina de Cuba e ex-participante do Mais Médicos, Medeiros observa que, sem o programa, quem mais perde é a própria população. Ele lembra que os quase 9 mil profissionais desempregados que atuaram no Mais Médicos se especializaram nas universidades federais do país em Saúde da Família e já estão certificados. Mas, mesmo assim, não conseguem atuar.
Enquanto faltam médicos
“O governo queima cérebros e pessoas que poderiam estar transformando nesse momento a vida de muitos brasileiros que têm a necessidade de um médico”, critica, em entrevista à jornalista Maria Teresa Cruz, do Jornal Brasil Atual. “O que acontece é que esse governo atual, genocida, vem trucidando essa mão de obra para que as pessoas continuem vulneráveis, precisando de um médico.”
No manifesto, os profissionais também advertem sobre a falta de contingente médico em meio à pandemia. No ano passado, até veterinários foram cadastrados pelo Ministério da Saúde para reforçar a linha de enfrentamento à covid-19. Quando, de acordo com o documento, são os médicos da família que poderiam prestar o atendimento. Principalmente para acompanhar as pessoas com doenças crônicas e evitar o agravamento desses quadros.
“O médico não estando ali, não tem receita, não tem controle. Então a equipe fica sem assistência para saber o que fazer com esse paciente que fica desabrigado. E aí vão existir as complicações da sua própria doença e também a gravidade que a covid leva caso a pessoa esteja com a diabete e pressão descontroladas. É necessário uma vigilância constante. Por isso o maior contingente de médicos e equipes é importante nesse momento, para evitar mais mortes de pessoas que já têm comorbidades”, alerta Medeiros.
Manifesto
Com o manifesto, os 15 mil médicos esperam denunciar às autoridades responsáveis o descaso com a situação. O documento também pode ser assinado por usuários do Sistema Único de Saúde, que sofrem com a falta de profissionais de saúde. “Esse reconhecimento que o governo federal, o CFM e as universidades federais têm que ter é para com a população. Não é nem para nós, médicos. Porque temos a capacidade de nos reconstruir, ir para outro país trabalhar, mas queremos atender o nosso país”, conclui o médico da família.
Confira a entrevista
Redação: Clara Assunção
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