quinta-feira, 18 de março de 2021

Servidores e familiares protestam por prisão de mandantes da chacina de Unaí

 Apesar de condenados pelo assassinato de quatro servidores do Ministério do Trabalho, mandantes continuam recorrendo em liberdade

Camionete onde estavam os fiscais e o motorista, que foram mortos 
com tiros à queima-roupa
Por Redação RBA

Publicado 27/01/2020 - 14h23

São Paulo –No dia em que a chamada chacina de Unaí completa 16 anos, nesta terça-feira (28), servidores e familiares das vítimas vão novamente protestar pela prisão dos mandantes do crime, apesar de terem sido condenados. O ato está marcado para as 10h, diante do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília, onde tramitam recursos da defesa dos condenados. A manifestação terá como lema “a Justiça que tarda, falha”.

Em 28 de janeiro de 2004, três auditores-fiscais do Trabalho (Erastóstenes de Almeida Gonsalves, o Tote, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva) e um motorista (Ailton Pereira de Oliveira), servidores do extinto Ministério do Trabalho, foram mortos a tiros em uma estrada na área rural de Unaí. Em novembro de 2018, o empresário Norberto Mânica, apontado como mandante, teve a condenação confirmada em segunda instância. O mesmo aconteceu com os intermediários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro.

Mas o TRF1 reduziu o período das penas e anulou outro julgamento, o do ex-prefeito Antério Mânica, irmão de Norberto, que havia sido condenado, em primeira instância, a 100 anos de reclusão. Isso aconteceu porque Norberto assumiu ser o mandante do crime – sua pena passou a ser de 65 anos, sete meses e 15 dias. As de Castro e Pimenta são menores (quase 59 anos e 31 anos e meio, respectivamente). Em julho do ano passado, o tribunal rejeitou recursos da defesa, que apresentou novos embargos. Em setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou pedido de Pimenta para recorrer em liberdade.

“Esse crime contra a Auditoria Fiscal do Trabalho e o Estado brasileiro não pode ficar impune”, afirma o Sinait, sindicato que representa os fiscais.

Trabalho escravo

O Ministério Público do Trabalho (MPT) realiza, também nesta terça, o Encontro Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo. O evento será realizado em Brasília. Em razão da morte dos servidores, o 28 de janeiro tornou-se Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. “O objetivo é estabelecer um fluxo contínuo de diálogo e de cooperação entre as instituições, a comunidade acadêmica e a sociedade civil, para aprimorar o combate ao trabalho escravo no Brasil, união de esforços que certamente trará resultados ainda mais efetivos” afirma a procuradora Lys Sobral, da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete).

Segundo o MPT, o encontro terá a presença de entidades como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União, da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e da ONG Repórter Brasil, entre outras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário