Madalena Gordiano, mantida sob condição análoga à escravidão durante 38 anos, e o professor Dalton Siqueira Milagres Rigueira, investigado pelo crime
O professor Dalton Siqueira Milagres Rigueira, investigado por manter durante 38 anos Madalena Gordiano em regime análogo à escravidão, foi demitido da Fepam (Fundação Educacional de Patos de Minas), mantenedora do Unipam (Centro Universitário de Patos de Minas), onde o docente lecionava nos cursos de veterinária e zootecnia.
Dalton foi afastado do cargo no fim de dezembro de 2020 e passou a responder na Justiça trabalhista após Madalena ter sido resgatada de sua casa, em Patos de Minas (MG).
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A demissão foi publicada pelo portal UOL. Por intermédio de seu advogado Brian Epstein Campos, Dalton declarou que “lamenta estar sofrendo os efeitos de uma sentença condenatória de um processo que sequer iniciou”.
A história de Madalena Gordiano, de 46 anos, foi contada pelo programa Fantástico, da Globo, em 20 de dezembro de 2020. Ela foi adotada ilegalmente por Maria das Graças Milagres Ribeiro, que trabalha como professora, quando tinha 8 anos de idade. À época, a criança havia batido à porta de Maria pedindo algo para comer. Como sua mãe biológica já tinha nove filhos e as condições financeiras eram ruins, acabou aceitando entregar a filha à professora. No entanto, a adoção nunca foi formalizada.
Pelo contrário, assim que foi adotada foi retirada da escola e passou a servir a professora como empregada doméstica. Ela era impedida de sair do apartamento onde dormia em um quarto menor do que “três metros de comprimentos e dois de largura”, como afirma um dos auditores fiscais que atuaram no resgate, e tinha como principais funções a limpeza do imóvel, sem salário, descanso ou férias.
Depois de 24 anos na casa de Maria, Madalena contou que estava sendo rejeitada pelo marido da professora. O homem, segundo ela, era muito agressivo. A solução da família foi dar Madalena a um dos filhos da professora, Dalton Ribeiro.
A rotina, no entanto, não mudou. “Ela acordava às 4h da manhã para poder passar roupas. Ninguém podia ver ela conversando com alguém do prédio, você via que ela ficava com medo quando eles chegavam”, disse ao Fantástico um morador do prédio que não quis ser identificado.
Os auditores fiscais só conseguiram localizar Madalena após a mulher colocar na porta dos apartamentos bilhetes pedindo pequenas ajudas em dinheiro a vizinhos. Ela pedia dinheiro para comprar produtos de higiene.
Em depoimento, Dalton afirmou que foi Madalena quem quis parar de estudar e que não considerava a mulher como empregada, mas sim como parte da família.
Desde que foi resgatada, ela vive em um abrigo para mulheres vítimas de violência e passou a sair sozinha para alguns locais.
A família Milagres Rigueira ainda tomou para si uma pensão recebida pela vítima no valor de R$ 8,4 mil, oriunda de um casamento com um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, segundo informações prestadas por auditores fiscais do caso.
Madalena jamais teve controle do dinheiro, que era administrado por Maria das Graças Milagres Rigueira e o filho, Dalton César Milagres Rigueira, apontam as investigações. Eles usaram a pensão para financiar curso de medicina e a vida da família durante 17 anos.
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